terça-feira, 9 de dezembro de 2008

E quem se importa?

"Vou fazer um slideshow para você.
Está preparado?

É comum, você já viu essas imagens antes.
Quem sabe até já se acostumou com elas.
Começa com aquelas crianças famintas da África.
Aquelas com os ossos visíveis por baixo da pele.
Aquelas com moscas nos olhos.

Os slides se sucedem.

Êxodos de populações inteiras.
Gente faminta.
Gente pobre.
Gente sem futuro.

Durante décadas, vimos essas imagens.
No Discovery Channel, na National Geographic, nos concursos de foto.
Algumas viraram até objetos de arte, em livros de fotógrafos renomados.
São imagens de miséria que comovem.
São imagens que criam plataformas de governo.
Criam ONGs.
Criam entidades.
Criam movimentos sociais.

A miséria pelo mundo, seja em Uganda ou no Ceará, na Índia ou em Bogotá sensibiliza.
Ano após ano, discutiu-se o que fazer.
Anos de pressão para sensibilizar uma infinidade de líderes que se sucederam nas nações mais poderosas do planeta.
Dizem que 40 bilhões de dólares seriam necessários para resolver o problema da fome no mundo.

Resolver, capicce?
Extinguir.
Não haveria mais nenhum menininho terrivelmente magro e sem futuro, em nenhum canto do planeta.

Não sei como calcularam este número.
Mas digamos que esteja subestimado.
Digamos que seja o dobro.
Ou o triplo.
Com 120 bilhões o mundo seria um lugar mais justo.
Não houve passeata, discurso político ou filosófico ou foto que sensibilizasse.
Não houve documentário, ONG, lobby ou pressão que resolvesse.

Mas em uma semana, os mesmos líderes, as mesmas potências, tiraram da cartola 2.2 trilhões de dólares (700 bi nos EUA, 1.5 tri na Europa) para salvar da fome quem já estava de barriga cheia. Bancos e investidores.

Como uma pessoa comentou, é uma pena que esse texto só esteja em blogs e não na mídia de massa, essa mesma que sabe muito bem dar tapa e afagar.
Se quiser, repasse, se não, o que importa?
O nosso almoço tá garantido mesmo..."

Texto do Neto, diretor de criação e sócio da Bullet, sobre a crise mundial.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vivemos em um sistema democrático...



...democrático pra quem e para quê?

Porquê o Socialismo?

por Albert Einstein


Será aconselhável para quem não é especialista em assuntos económicos e sociais exprimir opiniões sobre a questão do socialismo? Eu penso que sim, por uma série de razões.

Consideremos antes de mais a questão sob o ponto de vista do conhecimento científico. Poderá parecer que não há diferenças metodológicas essenciais entre a astronomia e a economia: os cientistas em ambos os campos tentam descobrir leis de aceitação geral para um grupo circunscrito de fenómenos de forma a tornar a interligação destes fenómenos tão claramente compreensível quanto possível. Mas, na realidade, estas diferenças metodológicas existem. A descoberta de leis gerais no campo da economia torna-se difícil pela circunstância de que os fenómenos económicos observados são frequentemente afectados por muitos factores que são muito difíceis de avaliar separadamente. Além disso, a experiência acumulada desde o início do chamado período civilizado da história humana tem sido – como é bem conhecido – largamente influenciada e limitada por causas que não são, de forma alguma, exclusivamente económicas por natureza. Por exemplo, a maior parte dos principais estados da história ficou a dever a sua existência à conquista. Os povos conquistadores estabeleceram-se, legal e economicamente, como a classe privilegiada do país conquistado. Monopolizaram as terras e nomearam um clero de entre as suas próprias fileiras. Os sacerdotes, que controlavam a educação, tornaram a divisão de classes da sociedade numa instituição permanente e criaram um sistema de valores segundo o qual as pessoas se têm guiado desde então, até grande medida de forma inconsciente, no seu comportamento social.

Mas a tradição histórica é, por assim dizer, coisa do passado; em lado nenhum ultrapassámos de facto o que Thorstein Veblen chamou de “fase predatória” do desenvolvimento humano. Os factos económicos observáveis pertencem a essa fase e mesmo as leis que podemos deduzir a partir deles não são aplicáveis a outras fases. Uma vez que o verdadeiro objectivo do socialismo é precisamente ultrapassar e ir além da fase predatória do desenvolvimento humano, a ciência económica no seu actual estado não consegue dar grandes esclarecimentos sobre a sociedade socialista do futuro.

Segundo, o socialismo é dirigido para um fim sócio-ético. A ciência, contudo, não pode criar fins e, muito menos, incuti-los nos seres humanos; quando muito, a ciência pode fornecer os meios para atingir determinados fins. Mas os próprios fins são concebidos por personalidades com ideais éticos elevados e – se estes ideais não nascerem já votados ao insucesso, mas forem vitais e vigorosos – adoptados e transportados por aqueles muitos seres humanos que, semi-inconscientemente, determinam a evolução lenta da sociedade.

Por estas razões, devemos precaver-nos para não sobrestimarmos a ciência e os métodos científicos quando se trata de problemas humanos; e não devemos assumir que os peritos são os únicos que têm o direito a expressarem-se sobre questões que afectam a organização da sociedade.

Inúmeras vozes afirmam desde há algum tempo que a sociedade humana está a passar por uma crise, que a sua estabilidade foi gravemente abalada. É característico desta situação que os indivíduos se sintam indiferentes ou mesmo hostis em relação ao grupo, pequeno ou grande, a que pertencem. Para ilustrar o meu pensamento, permitam-me que exponha aqui uma experiência pessoal. Falei recentemente com um homem inteligente e cordial sobre a ameaça de outra guerra, que, na minha opinião, colocaria em sério risco a existência da humanidade, e comentei que só uma organização supra-nacional ofereceria protecção contra esse perigo. Imediatamente o meu visitante, muito calma e friamente, disse-me: “Porque se opõe tão profundamente ao desaparecimento da raça humana?”

Tenho a certeza de que há tão pouco tempo como um século atrás ninguém teria feito uma afirmação deste tipo de forma tão leve. É a afirmação de um homem que tentou em vão atingir um equilíbrio interior e que perdeu mais ou menos a esperança de ser bem sucedido. É a expressão de uma solidão e isolamento dolorosos de que sofre tanta gente hoje em dia. Qual é a causa? Haverá uma saída?

É fácil levantar estas questões, mas é difícil responder-lhes com um certo grau de segurança. No entanto, devo tentar o melhor que posso, embora esteja consciente do facto de que os nossos sentimentos e esforços são muitas vezes contraditórios e obscuros e que não podem ser expressos em fórmulas fáceis e simples.

O homem é, simultaneamente, um ser solitário e um ser social. Enquanto ser solitário, tenta proteger a sua própria existência e a daqueles que lhe são próximos, satisfazer os seus desejos pessoais, e desenvolver as suas capacidades inatas. Enquanto ser social, procura ganhar o reconhecimento e afeição dos seus semelhantess, partilhar os seus prazeres, confortá-los nas suas tristezas e melhorar as suas condições de vida. Apenas a existência destes esforços diversos e frequentemente conflituosos respondem pelo carácter especial de um ser humano, e a sua combinação específica determina até que ponto um indivíduo pode atingir um equilíbrio interior e pode contribuir para o bem-estar da sociedade. É perfeitamente possível que a força relativa destes dois impulsos seja, no essencial, fixada por herança. Mas a personalidae que finalmente emerge é largamente formada pelo ambinte em que um indivíduo acaba por se descobrir a si próprio durante o seu desenvolvimento, pela estrutura da sociedade em que cresce, pela tradição dessa sociedade, e pelo apreço por determinados tipos de comportamento. O conceito abstracto de “sociedade” significa para o ser humano individual o conjunto das suas relações directas e indirectas com os seus contemporâneos e com todas as pessoas de gerações anteriores. O indíviduo é capaz de pensar, sentir, lutar e trabalhar sozinho, mas depende tanto da sociedade – na sua existência física, intelectual e emocional – que é impossível pensar nele, ou compreendê-lo, fora da estrutura da sociedade. É a “sociedade” que lhe fornece comida, roupa, casa, instrumentos de trabalho, língua, formas de pensamento, e a maior parte do conteúdo do pensamento; a sua vida foi tornada possível através do trabalho e da concretização dos muitos milhões passados e presentes que estão todos escondidos atrás da pequena palavra “sociedade”.

É evidente, portanto, que a dependência do indivíduo em relação à sociedade é um facto da natureza que não pode ser abolido – tal como no caso das formigas e das abelhas. No entanto, enquanto todo o processo de vida das formigas e abelhas é reduzido ao mais pequeno pormenor por instintos hereditários rígidos, o padrão social e as interrelações dos seres humanos são muito variáveis e susceptíveis de mudança. A memória, a capacidade de fazer novas combinações, o dom da comunicação oral tornaram possíveis os desenvolvimentos entre os seres humanos que não são ditados por necessidades biológicas. Estes desenvolvimentos manifestam-se nas tradições, instituições e organizações; na literatura; nas obras científicas e de engenharia; nas obras de arte. Isto explica a forma como, num determinado sentido, o homem pode influenciar a sua vida através da sua própria conduta, e como neste processo o pensamento e a vontade conscientes podem desempenhar um papel.

O homem adquire à nascença, através da hereditariedade, uma constituição biológica que devemos considerar fixa ou inalterável, incluindo os desejos naturais que são característicos da espécie humana. Além disso, durante a sua vida, adquire uma constituição cultural que adopta da sociedade através da comunicação e através de muitos outros tipos de influências. É esta constituição cultural que, com a passagem do tempo, está sujeita à mudança e que determina, em larga medida, a relação entre o indivíduo e a sociedade. A antropologia moderna ensina-nos, através da investigação comparativa das chamadas culturas primitivas, que o comportamento social dos seres humanos pode divergir grandemente, dependendo dos padrões culturais dominantes e dos tipos de organização que predominam na sociedade. É nisto que aqueles que lutam por melhorar a sorte do homem podem fundamentar as suas esperanças: os seres humanos não estão condenados, devido à sua constituição biológica, a exterminarem-se uns aos outros ou a ficarem à mercê de um destino cruel e auto-infligido.

Se nos interrogarmos sobre como deveria mudar a estrutura da sociedade e a atitude cultural do homem para tornar a vida humana o mais satisfatória possível, devemos estar permanentemente conscientes do facto de que há determinadas condições que não podemos alterar. Como mencionado anteriormente, a natureza biológica do homem, para todos os objectivos práticos, não está sujeita à mudança. Além disso, os desenvolvimentos tecnológicos e demográficos dos últimos séculos criaram condições que vieram para ficar. Em populações com fixação relativamente densa e com bens indispensáveis à sua existência continuada, é absolutamente necessário haver uma extrema divisão do trabalho e um aparelho produtivo altamente centralizado. Já lá vai o tempo – que, olhando para trás, parece ser idílico – em que os indivíduos ou grupos relativamente pequenos podiam ser completamente auto-suficientes. É apenas um pequeno exagero dizer-se que a humanidade constitui, mesmo actualmente, uma comunidade planetária de produção e consumo.

Cheguei agora ao ponto em que vou indicar sucintamente o que para mim constitui a essência da crise do nosso tempo. Diz respeito à relação do indivíduo com a sociedade. O indivíduo tornou-se mais consciente do que nunca da sua dependência relativamente à sociedade. Mas ele não sente esta dependência como um bem positivo, como um laço orgânico, como uma força protectora, mas mesmo como uma ameaça aos seus direitos naturais, ou ainda à sua existência económica. Além disso, a sua posição na sociedade é tal que os impulsos egotistas da sua composição estão constantemente a ser acentuados, enquanto os seus impulsos sociais, que são por natureza mais fracos, se deterioram progressivamente. Todos os seres humanos, seja qual for a sua posição na sociedade, sofrem este processo de deterioração. Inconscientemente prisioneiros do seu próprio egotismo, sentem-se inseguros, sós, e privados do gozo naïve, simples e não sofisticado da vida. O homem pode encontrar sentido na vida, curta e perigosa como é, apenas dedicando-se à sociedade.

A anarquia económica da sociedade capitalista como existe actualmente é, na minha opinião, a verdadeira origem do mal. Vemos perante nós uma enorme comunidade de produtores cujos membros lutam incessantemente para despojar os outros dos frutos do seu trabalho colectivo – não pela força, mas, em geral, em conformidade com as regras legalmente estabelecidas. A este respeito, é importante compreender que os meios de produção – ou seja, toda a capacidade produtiva que é necessária para produzir bens de consumo bem como bens de equipamento adicionais – podem ser legalmente, e na sua maior parte são, propriedade privada de indivíduos.

Para simplificar, no debate que se segue, chamo “trabalhadores” a todos aqueles que não partilham a posse dos meios de produção – embora isto não corresponda exactamente à utilização habitual do termo. O detentor dos meios de produção está em posição de comprar a mão-de-obra. Ao utilizar os meios de produção, o trabalhador produz novos bens que se tornam propriedade do capitalista. A questão essencial deste processo é a relação entre o que o trabalhador produz e o que recebe, ambos medidos em termos de valor real. Na medida em que o contrato de trabalho é “livre”, o que o trabalhador recebe é determinado não pelo valor real dos bens que produz, mas pelas suas necessidades mínimas e pelas exigências dos capitalistas para a mão-de-obra em relação ao número de trabalhadores que concorrem aos empregos. É importante compreender que, mesmo em teoria, o pagamento do trabalhador não é determinado pelo valor do seu produto.

O capital privado tende a concentrar-se em poucas mãos, em parte por causa da concorrência entre os capitalistas e em parte porque o desenvolvimento tecnológico e a crescente divisão do trabalho encorajam a formação de unidades de produção maiores à custa de outras mais pequenas. O resultado destes desenvolvimentos é uma oligarquia de capital privado cujo enorme poder não pode ser eficazmente controlado mesmo por uma sociedade política democraticamente organizada. Isto é verdade, uma vez que os membros dos órgãos legislativos são escolhidos pelos partidos políticos, largamente financiados ou influenciados pelos capitalistas privados que, para todos os efeitos práticos, separam o eleitorado da legislatura. A consequência é que os representantes do povo não protegem suficientemente os interesses das secções sub-privilegidas da população. Além disso, nas condições existentes, os capitalistas privados controlam inevitavelmente, directa ou indirectamente, as principais fontes de informação (imprensa, rádio, educação). É assim extremamente difícil e mesmo, na maior parte dos casos, completamente impossível, para o cidadão individual, chegar a conclusões objectivas e utilizar inteligentemente os seus direitos políticos.

Assim, a situação predominante numa economia baseada na propriedade privada do capital caracteriza-se por dois principais princípios: primeiro, os meios de produção (capital) são privados e os detentores utilizam-nos como acham adequado; segundo, o contrato de trabalho é livre. Claro que não há tal coisa como uma sociedade capitalista pura neste sentido. É de notar, em particular, que os trabalhadores, através de longas e duras lutas políticas, conseguiram garantir uma forma algo melhorada do “contrato de trabalho livre” para determinadas categorias de trabalhadores. Mas tomada no seu conjunto, a economia actual não difere muito do capitalismo “puro”.

A produção é feita para o lucro e não para o uso. Não há nenhuma disposição em que todos os que possam e queiram trabalhar estejam sempre em posição de encontrar emprego; existe quase sempre um “exército de desempregados. O trabalhador está constantemente com medo de perder o seu emprego. Uma vez que os desempregados e os trabalhadores mal pagos não fornecem um mercado rentável, a produção de bens de consumo é restrita e tem como consequência a miséria. O progresso tecnológico resulta frequentemente em mais desemprego e não no alívio do fardo da carga de trabalho para todos. O motivo lucro, em conjunto com a concorrência entre capitalistas, é responsável por uma instabilidade na acumulação e utilização do capital que conduz a depressões cada vez mais graves. A concorrência sem limites conduz a um enorme desperdício do trabalho e a esse enfraquecimento consciência social dos indivíduos que mencionei anteriormente.

Considero este enfraquecimento dos indivíduos como o pior mal do capitalismo. Todo o nosso sistema educativo sofre deste mal. É incutida uma atitude exageradamente competitiva no aluno, que é formado para venerar o sucesso de aquisição como preparação para a sua futura carreira.

Estou convencido que só há uma forma de eliminar estes sérios males, nomeadamente através da constituição de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educativo orientado para objectivos sociais. Nesta economia, os meios de produção são detidos pela própria sociedade e são utilizados de forma planeada. Uma economia planeada, que adeque a produção às necessidades da comunidade, distribuiria o trabalho a ser feito entre aqueles que podem trabalhar e garantiria o sustento a todos os homens, mulheres e crianças. A educação do indivíduo, além de promover as suas próprias capacidades inatas, tentaria desenvolver nele um sentido de responsabilidade pelo seu semelhante em vez da glorificação do poder e do sucesso na nossa actual sociedade.

No entanto, é necessário lembrar que uma economia planeada não é ainda o socialismo. Uma tal economia planeada pode ser acompanhada pela completa opressão do indivíduo. A concretização do socialismo exige a solução de problemas socio-políticos extremamente difíceis; como é possível, perante a centralização de longo alcance do poder económico e político, evitar a burocracia de se tornar toda-poderosa e vangloriosa? Como podem ser protegidos os direitos do indivíduo e com isso assegurar-se um contrapeso democrático ao poder da burocracia?

A clareza sobre os objectivos e problemas do socialismo é da maior importância na nossa época de transição. Visto que, nas actuais circunstâncias, a discussão livre e sem entraves destes problemas surge sob um tabu poderoso, considero a fundação desta revista como um serviço público importante.


Albert Einstein redigiu este trabalho especialmente para o lançamento da Monthly Review , cujo primeiro número foi publicado em Maio de 1949. O mérito da tradução é de Anabela Magalhães. O original deste artigo se encontra em http://www.monthlyreview.org/598einst.htm

Fonte: http://resistir.info/

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

terça-feira, 21 de outubro de 2008

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Aécio admite falhas na campanha de Lacerda e reconhece a eficiência de Quintão

Aécio Neves (PSDB) declarou nesta semana a existência de falhas na campanha do primeiro turno do candidato da aliança Márcio Lacerda (PSB), que disputa a prefeitura de Belo Horizonte. O governador admitiu que as falhas contribuíram para o crescimento de Leonardo Quintão (PMDB) nas pesquisas de intenção de voto. Segundo Aécio, Quintão se mostrou “muito mais eficiente” no que tange à comunicação do candidato peemedebista e a população: "O candidato do PMDB soube, do ponto de vista pessoal, se posicionar na televisão com propostas que no futuro temos que ver se são exeqüíveis. Mas do ponto de vista da relação com as pessoas se mostrou muito mais eficiente que o nosso candidato, que do ponto de vista de conteúdo, de propostas programáticas, é muito mais eficiente", afirmou o governador.

Apesar da boa avaliação de que gozam Aécio e Pimentel junto à maioria dos mineiros e belo horizontinos, Aécio Neves admitiu e reconheceu que apoio de políticos e figuras públicas bem avaliadas pela população não é suficiente para decolar candidaturas. Segundo o governador, a população escolhe seus candidatos com base em empatias pessoais e não em alianças e/ou partidos. Evidentemente se referindo ao próprio apoio que dá, junto a Fernando Pimentel (PT) à Márcio Lacerda (PSB), candidato à prefeitura de BH.

O governador ainda completou: "Por mais que as pessoas respeitem apoio, a avaliação do governo [federal] é a maior de todos os tempos, mas as pessoas querem escolher em quem votam. Isso serve para Belo Horizonte, São Paulo, Rio, e servirá para o Brasil em um futuro próximo. Essa eleição serve para desmistificar tese de que há como se impor, e nem essa foi a nossa intenção”.

Embora Quintão lidere em 51% das intenções de voto contra 33% de Lacerda, Aécio afirmou acreditar que seu candidato, fruto de um acordo político entre a Prefeitura de BH e o Governo de Minas Gerais, poderá reverter o jogo: "Ainda acredito na possibilidade de vitória do candidato Márcio Lacerda, acho que é quem está melhor preparado, mas de alguma forma fomos vítimas de um sucesso inicial que tivemos até acima das nossas expectativas". O governador disse também que o candidato da aliança deve demonstrar que é mais preparado para administrar Belo Horizonte: "É a hora dele próprio, conversando com a população, mostrar que é o mais capaz para administrar Belo Horizonte. O curioso é que o candidato que apoiei teve 43% dos votos no primeiro turno e o que teve 41% [Quintão] disse que me apóia. É coisa que só a política mineira explica."

Sempre com os olhos da presidência da república, diretamente ligada ao futuro resultado das eleições para prefeitura, Aécio afirmou que irá insistir da “convergência” entre PT e PSDB no âmbito nacional, segundo o que ele e Pimentel experimentam em Minas dando apoio à Lacerda. Para justificar a convergência, Aécio adotou um tom de unidade no estado de Minas Gerais: "Nós em Minas defendemos uma tese que gostaríamos de ver vitoriosa nas urnas, mas que não deixará de ser defendida por mim se o resultado não nos for favorável. É a tese de maior convergência, de que os partidos que polarizam a disputa política brasileira não precisam ser inimigos eternamente"

16/10/2008

Fonte: Folha Online

Eleições 2008 / Belo Horizonte – Segundo Turno

A despeito dos ataques do adversário, Leonardo Quintão lidera com 18 pontos à frente em BH, segundo a pesquisa Ibope, com margem de erro de 3 pontos percentuais para mais, ou para menos. Quintão (PMDB) conquista vantagem de 51% e Lacerda (PSB) se mantêm com 33%.





"O candidato do PMDB, Leonardo Quintão, está na frente na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte (MG), de acordo com pesquisa Ibope divulgada nesta quarta-feira (15), a primeira do segundo turno. De acordo com a pesquisa, encomendada ao Ibope pela TV Globo e pelo jornal "O Estado de S.Paulo", Quintão tem 51% das intenções de voto, 18 pontos à frente de Marcio Lacerda (PSB), que aparece com 33%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Isso quer dizer que Quintão pode ter entre 48% e 54% e Lacerda, entre 30% e 36%. Brancos e nulos somam 6%, segundo o levantamento, e 9% dos eleitores não sabem em quem vão votar ou não responderam. "

Data: 15/10/08
Fonte: G1 Eleições

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Momento recreativo.

Depois de fazer anos e ficar mais velha, mais madura, mais sábia, resolvi voltar aos prazeres do entreterimento e me entreguei aos testes fantásticos da web:

Que gênio louco você é?





Faça você também Que
gênio-louco é você?
Uma criação de O Mundo Insano da Abyssinia



Gostei do resultado. :)

Qual personagem do south park você é?


Com qual personagem de South Park voce mais se parece??

Sei lá o que achei, não assisto esta budega.

Que personagem do Seinfeld é você?





Que personagem do Seinfeld é você?
Trazido a você por Soul Fire



Que seja...

Qual prostituta cinematográfica você é?









Qual prostituta cinematográfica você é?




achei elegante!

Você é intolerante?




suuuuuuuuuuuper me identifiquei e GOSTEI do resultado!

E por hoje é só!

sábado, 4 de outubro de 2008

Aos que vierem depois de nós

Realmente, vivemos muito sombrios! A inocência é loucura. Uma fronte sem rugas denota insensibilidade. Aquele que ri ainda não recebeu a terrível notícia que está para chegar. Que tempos são estes, em que é quase um delito falar de coisas inocentes. Pois implica silenciar tantos horrores! Esse que cruza tranqüilamente a rua não poderá jamais ser encontrado pelos amigos que precisam de ajuda? É certo: ganho o meu pão ainda, Mas acreditai-me: é pura casualidade. Nada do que faço justifica que eu possa comer até fartar-me. Por enquanto as coisas me correm bem [(se a sorte me abandonar estou perdido). E dizem-me: "Bebe, come! Alegra-te, pois tens o quê!"
Mas como posso comer e beber, se ao faminto arrebato o que como, se o copo de água falta ao sedento? E todavia continuo comendo e bebendo. Também gostaria de ser um sábio. Os livros antigos nos falam da sabedoria: é quedar-se afastado das lutas do mundo e, sem temores, deixar correr o breve tempo. Mas evitar a violência, retribuir o mal com o bem, não satisfazer os desejos, antes esquecê-los é o que chamam sabedoria. E eu não posso fazê-lo. Realmente, vivemos tempos sombrios.
Para as cidades vim em tempos de desordem, quando reinava a fome. Misturei-me aos homens em tempos turbulentos e indignei-me com eles. Assim passou o tempo que me foi concedido na terra. Comi o meu pão em meio às batalhas. Deitei-me para dormir entre os assassinos. Do amor me ocupei descuidadamente e não tive paciência com a Natureza. Assim passou o tempo que me foi concedido na terra. No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros. A palavra traiu-me ante o verdugo. Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes Se sentiam, sem mim, mais seguros, — espero. Assim passou o tempo que me foi concedido na terra.
As forças eram escassas. E a meta achava-se muito distante. Pude divisá-la claramente, ainda quando parecia, para mim, inatingível. Assim passou o tempo que me foi concedido na terra.
Vós, que surgireis da maré em que perecemos, lembrai-vos também, quando falardes das nossas fraquezas, lembrai-vos dos tempos sombrios de que pudestes escapar. Íamos, com efeito, mudando mais freqüentemente de país do que de sapatos, através das lutas de classes, desesperados, quando havia só injustiça e nenhuma indignação.
E, contudo, sabemos que também o ódio contra a baixeza endurece a voz. Ah, os que quisemos preparar terreno para a bondade não pudemos ser bons. Vós, porém, quando chegar o momento em que o homem seja bom para o homem, lembrai-vos de nós com indulgência.
Bertold Brecht - (tradução de Manuel Bandeira)

domingo, 28 de setembro de 2008

Carta de despedida de Olga Benário



Queridos:

Amanhã vou precisar de toda a minha força e de toda a minha vontade. Por isso, não posso pensar nas coisas que me torturam o coração, que são mais caras que a minha própria vida. E por isso me despeço de vocês agora. É totalmente impossível para mim imaginar, filha querida, que não voltarei a ver-te, que nunca mais voltarei a estreitar-te em meus braços ansiosos.
Quisera poder pentear-te, fazer-te as tranças - ah, não, elas foram cortadas. Mas te fica melhor o cabelo solto, um pouco desalinhado. Antes de tudo, vou fazer-te forte. Deves andar de sandálias ou descalça, correr ao ar livre comigo. Sua avó, em princípio, não estará muito bem. Deves respeitá-la e querê-la por toda a tua vida, como teu pai e eu fazemos. Todas as manhãs faremos ginástica... Vês? Já volto a sonhar, como tantas noites, e esqueço que esta é a minha carta de despedida. E agora, quando penso nisto de novo, a idéia de que nunca mais poderei estreitar teu corpinho cálido é para mim como a morte.

Carlos, querido, amado meu: terei que renunciar para sempre a tudo de bom que me destes? Conformar-me-ei, mesmo que não pudesse ter-te muito próximo, que teus olhos mais uma vez me olhassem. E queria ver teu sorriso. Quero-os a ambos, tanto, tanto. E estou tão agradecida à vida, por ela haver-me dado ambos. Mas o que eu gostaria era de poder viver um dia feliz, os três juntos, como milhares de vezes imaginei. Será possível que nunca verei o quanto orgulhoso e feliz t sentes por nossa filha?

Querida Anita, meu querido marido, meu Garoto: choro debaixo das mantas para que ninguém me ouça, pois parece que hoje as forças não conseguem alcançar-me para suportar algo tão terrível. É precisamente por isso que esforço-me para despedir-me de vocês agora, para não ter que fazê-lo nas últimas e difíceis horas. Depois desta noite, quero viver para este futuro tão breve que me resta. De ti aprendi, querido, o quanto significa a força de vontade, especialmente se emana de fontes como as nossas. Lutei pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo. Prometo-te agora, ao despedir-me, que até o último instante não terão por que se envergonhar de mim. Quero que me entendam bem: preparar-me para a morte não significa que me renda, mas sim saber fazer-lhe frente quando ela chegue. Mas, no entanto, podem ainda acontecer tantas coisas... Até o último momento manter-me-ei firme e com vontade de viver. Agora vou dormir para ser mais forte. Beijo-os pela última vez.

Olga


*Carta escrita à lápis, no dia 17 de outubro de 1936. Olga Benário morre em uma câmara de gás em 1942. A última carta de olga foi dirigida ao líder comunista brasileiro Luis Carlos Prestes. Foi escrita em Ravensbrück, na noite da viagem que a levaria а morte em Bernburg.*

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Mario, em tela de Lasar Segall

Está se dando no Brasil um movimento em torno da palavra Comunismo que é dum ridículo perfeitamente idiota. Antes de mais nada, se me referi à "palavra" Comunismo, é porque, já falei outro dia, ninguém sabe o que ela é. Às vezes a gente fica até sarapantado vendo indivíduos que parecem cultos, acobertarem com essa palavra as noções mais ínfimas. É vergonhoso mas incontestável que pra uma grande maioria de indivíduos até bem alfabetizados, Comunismo chega a ser isso da gente se aproximar dum indivíduo e ir falando: - Me dê sua gravata que pretendo ficar com ela.

Comunismo pra brasileiro é uma espécie de assombração medonha. Brasileiro nem bem escuta a palavra, nem quer saber o que é, fica danado. Bom, é verdade que danação de brasileiro tem cana-de-açúcar pra adoçar, baunilha pra perfumar e no fim um sorvo de caninha de alambique de barro, bem boa pra rebater: acaba tudo em dança. Mas nem por isso deixa de ser dum ridículo cansativo esse apavorante pânico que tomou o Brasil por ordem da Inglaterra.

Não pensem agora que amolado com esse ridículo a que nos estamos sujeitando, por ordem da Inglaterra, vou definir e explicar neste artiguete o que seja Comunismo. Não posso e não é possível, não só porque a coisa é complexa por si mesma como porque essa mesma complexidade permite que na prática o Comunismo possa se apresentar numa infinidade de realizações diferentes. A gente poderá atingir uma noção vaga e apenas. Da mesma forma que a respeito da palavra "república". Ninguém mais terá a coragem de dizer que República signifique de fato administração pelo povo da coisa do povo. Isso seria aliás muito mais o conceito de Comunismo que de República. Essa tem sido ou tem pretendido ser a aplicação, pelo menos regional, do Comunismo na Rússia. As palavras "comunismo" e "república" são das tais ingenuidades, comuns à inteligência humana, pelas quais nós sossegamos a perplexidade inenarrável da nossa precariedade de conhecimento, batizando as coisas ignoradas que intuímos vagamente, com uma palavra. A vagueza, a ignorância não mudaram nada em nós, porém a palavra salvou-nos tudo: criou-se um Demônio novo, e a gente se bota a exorcizá-lo ou propiciá-lo, conforme se ele representa um Princípio Bom ou um Princípio Ruim.

No fundo e popularmente, o que nós somos, somos eternamente uns homens da caverna. Primários e apavorados.

A República é uma noção vaguíssima. Na prática tem havido centenas de aplicações diferentes dessa noção; e assim como teve aplicações aristocratíssimas dela, impérios há, como o inglês, em que na prática se goza de muitíssimas prerrogativas republicanas. E o mesmo há de se dar com o Comunismo, que terá certamente centenas de manifestações diferentes. Jean Richard Bloch chegou a demonstrar que muitas ilações de princípio comunista estavam em prática no próprio antro infamíssimo do capitalismo, os Estados Unidos. Mais que na Rússia.

E agora a Rússia entra em cena. O que nos leva ao pavor que temos pelo Comunismo é a identificação deste com a Rússia, por ser esta a primeira e a única nação que o aplicou verbalmente até agora. Antes de mais nada, a verdade verdadeira é que ninguém não sabe direito o que é a Rússia contemporânea nem o que está sucedendo por lá. Uma circunstância fatal do regime político internacional em que estamos vivendo. Os países capitalistas têm feito tudo não só pra ocultar da humanidade a Rússia verdadeira, como inda têm feito tudo pra prejudicá-la até internamente. Por seu lado a Rússia havia de reagir, está claro. Se defende. Os outros lhe exageram as mazelas. Ela seqüestra as mazelas que tem. E essas manipulações da verdade provém duma confusão pueril dos conceitos de governo e de felicidade. Um sistema de governo jamais dará felicidades pra ninguém não. A felicidade é uma aquisição puramente individual. Um governo poderá quando muito organizar um relativo bem-estar exterior e só isso a gente pode exigir dele. Ora se a Rússia geme de muitos malestares (e isso depende em parte enorme da situação internacional em que a colocaram os outros países) também é incontestável que esses malestares não são piores que os da Alemanha, que os da Índia, que os do Brasil uochintoniano. E goza de muitos bem-estares também.

Mas Deus me livre de negar os horrores que a Rússia sofreu e sofre na implantação do regime novo. A bobagem é a gente identificar esses horrores, que foram especificamente europeus, psicologicamente russos, com o Comunismo. São horrores russos, não são horrores comunistas. Da mesma forma que o afogamento de Nantes foi um horror francês e não um horror republicano. E São Bartolomeu, e a Inquisição ibérica, e a implantação do Protestantismo na Inglaterra. De tudo isso há que culpar os homens e não as idéias.

Está claro que, como foi dito desde o início destas colaborações, o Diário Nacional não esposa em absoluto as opiniões dos seus colaboradores literários e eu estou fazendo literatura. Falei sobre Comunismo porque me arde ver o susto brasileiro ante esse monstro de palco, inventado pela malvadeza de uns e a ignorância de outros.

E aliás basta a gente imaginar no que é a psicologia brasileira pra ficar certo que jamais não teríamos aqui a ferocia bolchevista. Esta Revolução gloriosa, já se falou, foi uma revolução alegre. Tipos absolutamente criminosos do regime passado estão aí passeando na rua. Os outros, e alguns até difíceis da gente criminar nas suas pessoas, como Antônio Prado Júnior e Mangabeira, estão navegando as ondas do verde mar. Estou imaginando um Comunismo implantado aqui... Depois de serem queimadas de novo todas as casas de Bicho, os "Soviets" brasileiros, como no delicioso poema de Murilo Mendes, mandavam mil contos de presente pros órfãos turcos. Depois davam um grande baile.

Mário de Andrade
Diário Nacional. Domingo, 30 de novembro de 1930.

Liberdade

Estou com sono, mas com angústias que não me deixam dormir tranquilamente. Eu fico pensando porque eu vivo a procurar a liberdade e não a encontro. E no mundo sempre tem um grupo social, um produto pra consumo, um programa de TV, uma ilusão qualquer, ou uma instituição qualquer que te dizem que lá você será livre e todos os seus problemas serão resolvidos. É possível que você se sinta livre no começo, mas uma hora você verá que só trocou de jaula. É duro admitir, mas qualquer coisa que envolva seres humanos, nunca, absolutamente nunca, será livre para aquele que procura a verdadeira liberdade. Mesmo que eu não saiba ao certo a dimensão na verdadeira liberdade. Eu só sei que a verdadeira liberdade não é a casa da mãe-joana, claro. Não é uma anarquia completa. Mas também sei, não pela razão, mas pelo coração, que a liberdade não trás angústias, e isso já é uma boa pista.


Quero encontrar a liberdade sem cair em armadilhas da próxima vez, e me refiro à armadilhas dos homens, seres imperfeitos e difíceis de tolerar. Estou presa à várias coisas: presa ao que as pessoas querem de mim, presa ao que eu quero das pessoas, presa ao desejo de agradar a todos e agradar a mim também, presa às lembranças do que passou e que eu desejo, por vezes, tão intensamente, que voltem a existir no presente; presa ao estranho amor que ainda sinto por aqueles que não merecem e nem mais fazem parte de mim, mas que por vezes eu desejo, tão estranhamente, que voltem fazer. Estou presa à saudade do que já vivi, e estou presa, tão profundamente, à saudade do que ainda está por vir. Como eu desejo o que ainda vai chegar, como!


É a estranha ilusão de que, quando chegar ao que está por chegar, chagarei enfim a ser feliz de verdade, a viver de verdade, a resolver todos os meus problemas de verdade. É como se o agora fosse apenas um treino da grande estréia e, enquanto ela não chega, e quanto mais ela demora a vir, mais a minha mente procura as coisas boas do passado para se apoiar e, patologicamente, transforma o que era ruim em lembrança boa, numa estranha estratégia de auto-defesa em me manter viva sem entrar em colapso existencial. Na verdade eu desejaria que me deixassem desejar em paz. Ou o meu passado ou o meu futuro. Essa é a maneira que eu aprendi de viver sem maiores desastres. E venho aprimorando tal técnica cada dia que passa e, conseqüentemente, me protegendo mais e mais.


O desejo do que virá, no fim das contas, é a felicidade, em si. Acho um direito razoável que me compete e acho covardia tentar barrá-lo, sobretudo porque a origem da covardia é perceptível: por não ter coragem de arriscar pelo seu desejo de toda vida, ou por mera hipocrisia quando o outro tenta lhe fazer desistir da tua ousadia para ter mais um companheiro na vidinha medíocre e pequeno-burguesa do senso comum. Mas a questão é simples, não quero mais uma ilusão de liberdade, eu a quero de fato. E tão pouco abro mão de ser alguém pensante. É a velha história de não querer ser encaixotado...


"Sábado, Maio 14, 2005
Para os encaixotados e encaixotadores Meu professor de música um dia já me disse sobre as pessoas ocuparem boa parte do tempo de suas vidas tentando colocar você em uma caixinha. O tamanho da caixinha, a cor, a textura, o enfeite, a estampa, o diâmetro e o lacinho final é escolhido por um só critério: o que mais combina com as necessidades daquele que pretende te encaixotar. É muito simples: Pretendem te encaixotar para melhor satisfazer seus desejos e se você tem a petulância de não se deixar encaixotar, ah, nossa, você está sendo egoísta! E você não pode imaginar o quanto está ferindo o pobre encaixotador, que, no ápice de seu egocentrismo, só queria você moldadinho pra ele. (...) " Trecho de um texto publicado em um antigo blog meu, cuja o link não irei desponibilizar por pura sacanagem.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Desarmar quem e para quê?

Acabo de ver, no Jornal Nacional, uma matéria referente a entregar armas. Reconheço que não vi a matéria toda, mas peguei o final onde uma pesquisadora afirmava que se o cidadão entregar suas armas consegue, com isso, ajudar na diminuição da violência. Notório é que a memória do cidadão brasileiro é curta, que dirá inexistente, em relação a campanha do desarmamento que tornou-se famosa ao publico no ano de 2004/2005. Como tenho um pavor de grandes proporções dessa campanha e dessa idéia absolutamente equivocada de que o desarmamento do cidadão irá colaborar para a diminuição da violência, que não pensei duas vezes em vir até aqui, e publicar neste espaço que me compete um texto meu da época em que participei do movimento estudantil, com vistas em esclarecer essa falácia. Eu reconheço que muita gente que abrir este blog não irá ler este post até o final, pois todos temos coisas muito mais importantes pra fazer, do que preocupar com desarmamento. Mas peço, encarecidamente, que façam um esforço de ler, ou mesmo, procurem saber do assunto, pois ao sermos analfabetos políticos, estamos negando a nós mesmos um direito que nos cabe de sermos sujeitos de nossa própria história. Quero lembrar a vocês que a História mostra que Estados totalitários fizeram campanhas de desarmamento para conseguir seus objetivos econômicos e políticos. Como Alemanha, que desarmou todos os judeus, ciganos, negros, deficientes físicos e homossexuais antes de seqüestrá-los para os campos de concentração, com a vantagem de que não reagiriam e nem se defenderiam por estarem desarmados. Quero lembrar que União Soviética, nas mãos de Stalin, desarmou os perseguidos políticos a fim de que não houvesse resistência. TODO estado totalitário e anti-democrático se interessa em desarmar a sua população. Peço, por favor, que estejam atentos ao que ocorre em seu próprio país. Em seguida, o texto que escrevi ainda na universidade que, embora tenha sido escrito na época da campanha, se faz tão contemporâneo quanto na época em que foi distribuído no campus da universidade:

Desarmar Quem? Para Quê?

Por Joyce Garófalo
CAHIS - Gestão Convicção

Desde a data de 23 de Dezembro do ano de 2003 começou a vigorar a Lei 10.826, de 22 de Dezembro do mesmo ano conhecida como Estatuto do Desarmamento. No dia 02 de Julho de 2004 o decreto que a regulamentou, no 5.123 de 01/07/2004, foi publicado no Diário Oficial da União e passou a vigorar naquela data.
Segundo o próprio Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República, “A partir da aprovação da nova lei, o controle das armas foi centralizado na União, a cargo da Polícia Federal e do Comando do Exército. Portarias dos dois ministérios reforçaram restrições e controles definidos pela lei, como o uso e compra de armas e munições.” Folha de S. Paulo, 09/10/2005.
As restrições, sem dúvida, foram reforçadas. O Certificado de Registro de Arma de Fogo, válido por todo o território nacional, autoriza seu proprietário a manter a sua arma exclusivamente no interior de sua residência. Além disso, os requisitos para a renovação do certificado devem ser comprovados periodicamente. O civil, no entanto, tem direito ao registro, mas não ao porte de arma (exceto o civil com porte concedido pela Polícia Federal). O registro é o documento da arma que contém todos os dados referentes à mesma. O porte é a autorização para que o proprietário circule armado. Esta autorização, no entanto, só passa a valer para os integrantes das Forças Armadas, policiais, agentes de inteligência e agentes de segurança privada.
A lei consta, ainda, que o civil com pretensão de obter uma arma legal, para mantê-la em seu domicílio, deve ter idade mínima de 25 anos. Deve também declarar sua real necessidade de possui-la, apresentar certidões e antecedentes criminais, não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, apresentar documento que comprove sua ocupação lícita e residência certa, comprovar sua capacidade técnica e aptidão psicológica para o manuseio de armas. Só após o cumprimento de todos esses requisitos o interessado receberá sua autorização para comprar e registrar uma arma.
As penas para porte de arma ilegal aumentaram e quem for pego andando sem este será preso como crime inafiançável.
Quanto às munições, segundo o estatuto do desarmamento, a comercialização só poderá ser efetuada em estabelecimento credenciado pela polícia federal e pelo comando do exército, que manterão um cadastro dos comerciantes.
Paralelo ao estatuto e à campanha do desarmamento (voluntário), surge uma movimentação política, ideológica e financeira para a realização de um referendo que ocorrerá no próximo dia 23 de outubro de 2003, que valerá como uma eleição normal. A questão consiste em saber da população se ela é ou não a favor da proibição da comercialização de armas de fogo e munição no território nacional.
Todas essas medidas não só são questionáveis, como também o próprio referendo se faz ineficaz quando se abstém de incutir na sociedade a reflexão sobre a relação da violência com a sociedade, da sociedade com o Estado e do Estado com a violência e suas responsabilidades e deveres quanto a essas questões.
As campanhas SIM e NÃO são, evidentemente tendenciosas e não seria injusto dizer que a primeira não só omite dados importantes como também é altamente manipuladora. Mas, independente das posições escolhidas por ambas, a população deve saber, antes de tudo, que enquanto o Estado não pode garantir que não haverá violência por parte do grupo marginalizado, não pode tirar o direito do cidadão de se defender. Além disso, é claramente injusto que o Estado justifique todas essas ações como medidas relevantes para diminuir a violência, colocando cidadãos no mesmo patamar que um criminoso altamente perigoso.
O referendo mais se configura como forma de jogar a obrigação básica do Estado de manter a segurança nas mãos do cidadão, do quê fazer com quê o cidadão se torne mais consciente e político quando um mínimo debate plausível sobre o assunto não é realizado.
É preciso lembrar que, não obstante, a proibição fere o direito de legítima defesa, o direito de ir e vir, o princípio da liberdade e da igualdade, todos garantidos pela constituição. É preciso refletir, antes de tudo, sobre o direito e autonomia de cada brasileiro sobre suas próprias decisões. É preciso refletir, afinal de contas, no direito de quem estão mexendo, para quê e para quem?
“O burguês é, pois, segundo sua natureza, uma criatura de impulsos vitais muito débeis e angustiosos, temerosa de qualquer entrega de si mesma, fácil de governar. Por isso colocou em lugar do poder a maioria, em lugar da autoridade a lei, em lugar da responsabilidade as eleições.” Hermann Hesse. O Lobo da Estepe. 49, 50 p.

domingo, 24 de agosto de 2008

Mas a questão é...


Mas a questão é:
nosso desemprego
não será solucionado
enquanto os senhores
não ficarem desempregados!
Bretch.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Lista das 4 coisas

Depois de algum tempo sem postar no próprio blog, Hely, coisa gostosa da minha vida, postou uma listinha das quatro coisas e me indicou como próximo blogueiro a continuar a tal listinha. Entonces lá vai:

Quatro empregos que já tive:
- Vendedora de ingressos da SIMPARC/Belotour
- Assistente Técnico em Informática na empresa que meu pai trabalhava.
- Monitora de História Geral para os cursos de História/Geografia e Pedagogia da PUC.
- Confessar todos os sábados.

Quatro filmes que assisto sempre que passam:
- um lugar chamado noting hill
- Dreamgirls
- Muito bem acompanhada
- A Queda

Quatro lugares que já morei:
- Morei num apartamento que não sei onde fica dos 0 aos 3 anos de idade.
- De 3 anos de idade até hoje, moro onde todo mundo sabe.

Quatro programas que vejo na TV:
- Saia Justa
- Noivas Neuróticas
- Sem Censura
- Zoombido
- Paulinho Moska

Quatro pessoas ou grupos que me mandam e-mail regularmente:
- Theo
- Tia Mila
- Andréa (Manona)
- Meu pai.

Quatro coisas que você faz todos os dias:
- ouvir música
- navegar na net
- tomar banho
- dormir

Comidas que gosto:
- massas
- chinesa
- do meu pai
- mexicana

Quatro lugares onde gostaria de estar:
- São Paulo
- Cuba
- Nova York
- Los Angeles

Quatro blogueiros que indico para dar continuidade a este Meme:
- Andréa
- Theo
- Renata
- Alessandro

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

O Nazismo na Segunda Guerra Mundial

Coincidentemente ou não, só esta semana passou aproximadamente três filmes sobre a segunda guerra mundial na TV por assinatura. Semana passada, no History Channel , passou uma produção cinematográfica sobre Hitler com o tendencioso título “Hitler, a ascensão do mal”. Bom, vi tentando desconsiderar o título infame e marqueteiro com o claro objetivo de atrair o senso comum e altamente leigo. Achei muitíssimo interessante, a forma como mostraram a construção do herói nacional que foi o Hitler. E como se passou essa construção, por qual processo Hitler trilhou até para criar seus gestos e expressões caricatas e fanfarronas. Mas claro, sendo um canal pago e a serviço do capital internacional, guiado pelos inúmeros equívocos da história culturalista, mostra Hitler como um completo obcecado pelos judeus, mostrando essa obsessão como uma patologia sem sentido e sem motivo, e deixando a entender, aos que são leigos, que judeus teriam sido os únicos a morrer em campos de concentração.

É bem verdade que é esta a imagem que temos da segunda guerra mundial no que se refere ao nazismo, visto que judeus, ainda hoje detêm grande poder econômico e político no mundo todo. Inclusive, o poder na industria cinematográfica de Hollywood...isso explica muita coisa, claro. Mas é bom lembrar que o maior índice de mortos nos campos de concentração não foram dos judeus. E compreende entre pessoas com deficiências físicas, ou o que os nazistas consideravam como deficiências; negros, ciganos, comunistas, socialistas, anarquistas, homossexuais e presos políticos deportados. Portanto, vamos aqui quebrar com o mito de “judeus, as únicas vítimas da história”. Para ajudar nessa quebra de paradigmas, retomo à memória ou informo aos que não sabem, que judeus com grande poder econômico não só faziam parte do nazismo, bem como financiavam os campos de trabalho forçado. E óbvio, existiam os judeus que eram feitos de soldados, por obrigação, e os que lá estavam por livre e espontânea vontade.

Mas a questão do nazismo na segunda guerra mundial nem se refere somente aos judeus. Esses dados apenas servem como fonte de informação para melhor esclarecimento dos fatos. A questão central é a manipulação que a mídia, e a sociedade contemporânea, faz do nazismo, pintando Hitler como o fundador de um plano demoníaco contra o mundo apenas por pura maldade e falta completa de humanidade. Claro, essa visão tem muito a ver com a visão que os vencedores da segunda guerra quiseram implantar. A bem da verdade, os americanos quiseram implantar com fins à sua auto-promoção. Pois, lembremos aqui que quem derrotou a Alemanha nazista foram exatamente os comunistas russos, a quem tanta gente fala mal sem mal ter lido um só livro de Lênin. Mas isso, deixemos para outro tópico. O importante é lembrar que os americanos, desde a primeira guerra, tinham uma postura de política interna onde não se intrometiam em assuntos que não fossem relativos ao seu próprio país. E, apenas com a intenção de desbancar a hegemonia de Inglaterra e Franca; já que as mesmas tiveram a proeza de desbancar a hegemonia da Alemanha, tempos antes; os EUA entram na guerra para humilhar os já previamente humilhados e conquistar o mundo, através do trabalho dura da União Soviética, e lucrando com a industria da guerra, para, futuramente, consumir o mundo com seu imperialismo capitalista. Fato é que, como bem já disse Hermann Goering, primeiro sucessor de Hitler: “O vencedor será sempre o juiz e o derrotado o acusado”. Neste mesmo sentindo, Theodore Roosevelt, aquele que estava no outro lado da moeda, disse "A conquista pode ser repleta de mal ou bem para a humanidade, de acordo com o valor comparativo entre o povo que conquistou e o conquistado."

Observações de líderes de países inimigos nos mostram que tudo se trata de uma questão de ponto de vista da classe dominante, do vencedor e do que detém poder político e econômico. É evidente que A Alemanha nazista que se pinta para o senso comum, não é a Alemanha nazista dos fatos. E que Hitler tão pouco fundou o nazismo. O Partido Nacional Socialista, que de socialista nada tinha a não ser a apropriação do termo por questão de marketing político, já existia antes de Hitler pensar em fazer parte do mesmo. E os germes nazistas já existiam desde meados de 1800, século XIX. Hitler, nada mais foi, que uma construção de um herói nacional, bem como foi Mussolini na Itália fascista, para convencer o povo alemão do óbvio: Após a primeira guerra mundial, e decretada a derrota da Alemanha, França, Inglaterra e Estados Unidos, impuseram um absurdo tratado, intitulado Tratado de Versalhes (por ter sido assinado na cidade de Versalhes) que falsamente era denominado como um tratado de paz. Determinava que a Alemanha era a culpada por todos os dando causados na primeira guerra, obrigando a mesma a suprir os países que tiveram perdas materiais e perdas humanas, além de serem obrigados a pagar indenizações aos próprios soldados e, ainda sim, tentar reconstruir o próprio país, sendo proibida de fabricar ou vender armamentos. Em suma, impediram a Alemanha de crescer economicamente em todos os sentidos.

Claro, os alemães se sentiram ultrajados de tal forma, que o primeiro governo alemão, na época do tratado, se recusou a assinar, renunciando ao cargo. Em primeiro lugar porque foram tratados como presos políticos em França pelas grandes potências que exigiam o tratado. Em segundo lugar, porque a Alemanha não foi derrotada em combate e, a derrota, foi uma imposição dos grandes países. Em terceiro lugar, o tratado em nada beneficiava a Alemanha. No período entre guerras a Alemanha vivia uma dificuldade sem precedentes para se levantar novamente, tendo que aturar uma desvalorização de sua própria moeda que causava uma inflação absurda, levando o país à fome e a miséria.

Enquanto isso, os turistas europeus, invadiam a Alemanha pelas vantagens da moeda desvalorizada e ocupavam trabalhos e cargos que, de direito, deveriam ser dos alemães. Neste contexto, vários grupos políticos tentaram golpes e revolução tendo mais êxito o Partido Nacional Socialista que, mais tarde, recebe Hitler, um ex-soldado alemão da primeira guerra e ex-preso político, como membro e, mais tarde, como líder. A questão não eram apenas os judeus, e sim as imposições absurdas de um falso tratado de paz que não dava vantagens nenhuma para os alemães, que viam estrangeiros e judeus em seu país enriquecer as custas da sua fome. É claro que essa tensão social, econômica e política só poderia resultar em uma segunda grande guerra. O que me indigna mesmo não é a vitória sobre o nazismo.

O que me deixa inquieta é a falsa propaganda da mídia, guiada por interesses norte-americanos, do nazismo, de Hitler e da União Soviética. Mas o que mais me espanta, são as pessoas que não têm a menor estima por sua própria intelectualidade e formação política, que mal se dão ao trabalho de ler e perceber que a União Soviética derrotou sozinha o nazismo, e levou nas costas os americanos que, tempos depois, pousaram de heróis e inventaram que só judeus morreram nos campos de concentração. Entretanto, por muitas vezes a questão é outra, o que falta nem é estudo...ao contrário, sobra interesses econômicos. Mas, ainda sim, para aqueles com pouco tempo sobrando, ou por pura preguiça de ler mesmo, sugiro alguns filmes a fim de traçar um paralelo de visões sobre o nazismo na segunda guerra mundial. “Casa Blanca” e “A Queda”, são filmes excelentes sobre o ocorrido.

Usarei como justifica e argumento de convencimento para que assistam os dois filmes, um trecho de um trabalho acadêmico produzido por mim em minha graduação: “Em vista da importância de “Casablanca” e “A Queda!”, a partir de um olhar histórico, é necessário atentar-se para o filme como um texto composto de várias linguagens, bem como para a relação Cinema/História e Cinema/Ensino da História, tanto como fonte e recurso áudio-visual. Não obstante, é preciso analisar o filme dentro do contexto do enredo e do contexto em que foi produzido, no caso de Casablanca esses dois pontos coincidem. Com efeito, datado de 1942, Casablanca pode ser considerado como fonte documental para pesquisa histórica e recurso didático. “A Queda”, apesar de não ser contemporâneo ao fato que compõem sua narrativa, pode ser considerado um filme histórico, na medida em que é produzido por atores históricos possuidores de um olhar distanciado dos fatos que constroem o enredo do filme. O filme, a partir do olhar crítico, deve ser visto não só como uma obra clássica de entretenimento, mas também como um produto imagético estética e ideologicamente coerentes com a conjuntura política do país onde foi produzido. Deste mesmo modo, no que tange à fotografia, um objeto pode apresentar formas diversificadas ao ter sua imagem captada. É preciso analisar a imagem de acordo com o contexto em que ela foi captada e entender que ela transmitirá informações e sensações diferentes de acordo com o tempo em que é vista, por quem é vista, e através de quais interesses é vista. É neste sentido que todo filme e imagens, mesmo os que não são de gêneros históricos, têm, de certo modo, sua historicidade na medida em que são produzidos e/ou capturados por homens (atores históricos) de acordo com seus interesses e suas verdades. Noutras palavras, toda obra cinematográfica e toda imagem, de uma forma ou de outra, interfere na realidade e age na história.”

Se isso ainda não for suficiente para convencê-los a assistir e pensar sobre a questão, aprimorando a sua visão crítica e política a respeito da história, digo que “A Queda” é um filme surpreendente da medida em que mostra um Hitler humano, o que de fato o era, por ter sido “A Queda” baseado em depoimentos de uma de suas funcionárias mais próximas. E “Casa Blanca”, além de ser um clássico agradabilíssimo de assistir, é um filme romântico onde a segunda guerra e o nazismo apenas servem como pano de fundo. E os dois filmes mostram o nazismo e a guerra através de visões distintas, o que permite a democracia do pensar sobre a história e permite ao telespectador a liberdade de refletir a partir de dois lados da moeda.



Por fim, dada minhas opiniões sobre o nazismo e a segunda guerra, e minhas sugestões para reflexão, termino afirmando que a idéia vigente sempre será a idéia do grupo dominante e vencedor e que a história sempre está a sujeita à manipulações de acordo com os interesses que a envolvem. Não quero aqui vitimizar o nazismo e a União soviética, e colocar americanos, franceses, ingleses e judeus como vilões. Apenas quero dar a minha participação no sentindo de proporcionar novos caminhos para de visão sobre um tema tão importante na história mundial e pedir, encarecidamente, que não pensem como a classe dominante espera, ou mesmo como eu espero. Mas que, simplesmente, pensem e se tornem sujeitos da sua própria história.

"É sempre uma simples questão de atrair as pessoas, quer seja uma democracia, ou uma ditadura fascista, ou um parlamento, ou um ditadura comunista. Proclamando ou não, as pessoas podem sempre ser trazidas para o comando dos líderes. Isto é fácil. Tudo que você tem que fazer é dizer que elas estão sendo atacadas, e censurar os pacifistas por falta de patriotismo e de exporem o país ao perigo. Isto funciona do mesmo modo em todos os países." Hermann Goering, falando no julgamento de Nuremberg

"A História é a versão dos eventos passados sobre os quais as pessoas decidiram concordar." Napoleão Bonaparte

quarta-feira, 30 de julho de 2008

“O alcance da promessa, só o que me interessa!”

Para passar o tempo que me prende no tédio dele (ou eu que me deixo ser presa), fui vagar pelos blogs de conhecidos e amigos, e me deparei com a seguinte combinação de palavras e sentimentos: “Ninguém pensa que após se encontrar vai conseguir se esconder. Aqueles que nunca questionaram o sistema tentam ser felizes em ficções, vícios, imaginação. Porque vive-se uma era sem sonhos diferente daquela em que fazê-lo não custava nada. Hoje, custa o preço do choque térmico. Do balde de água fria ao despertar.” Theo Valadares - http://theovaladares.zip.net/
Comentei no blog dele que após a verdade dita, nada tenho a dizer. Mas talvez eu tenha, pois resolvi escrever em meu blog depois de ler o texto todo dele. E fica aqui a dica pra quem quer ler coisas de conteúdo, vão ao blog dele. E, na verdade, o citei aqui sem ter pedido autorização então, de anti-mão, espero um processo. Mas isso serviu que eu tivesse coragem pra botar pra fora tudo o que venho sentindo. Não que eu tenha a esperança de que alguém vá ler e comentar, pouca gente lê isso aqui mesmo. Mas como é um espaço meu, faço dele o que eu bem entender. E aqui é quase a única coisa que faço mesmo o que bem entendo.
Durante vinte e quatro anos eu lutei pela mesma coisa, eu lutei por mim mesma, sem grandes sucessos. E chega uma hora que cansa. Sabe quando lhe bate um cansaço tal que não se encontra energia nem pra olhar pra uma caneta? Pra olhar para uma parede branca que seja, ou pra mudar uma música que roda sem parar no media player, como agora. Também, qual a diferença de mudar a música se a vida continua a mesma? Triste mesmo é olhar pro lado e constatar que não se pode confiar em ninguém. E que aqueles a quem você supõem poder confiar, não tem o seu sangue correndo pelas veias. Talvez ligação de sangue seja mesmo mera ilusão de uma sociedade condicionada em aparências. E aparências é bem a palavra pra definir o que me rodeia. E talvez eu esteja enganada. Se for, ótimo. Enganos servem sempre de amadurecimento. Então, como seria olhar pro lado, olhar pro outro e não ter forças pra nada? E só prosseguir respirando por esperar ganhar a luta de sempre: Eu para mim mesma? É bem possível que eu saiba.
Considero até que venho dando grandes e largos passos. É bem verdade que venho questionando coisas inquestionáveis e que amanhã me arrependerei disso. Mas também faz parte do processo. E por mais que eu amadureça, dificilmente esquecerei tudo o que passei até o dia em que eu me ganhe totalmente e, comigo, todos os meus sonhos. E nunca esquecerei os motivos, pessoas, coisas ou situações, que atrasaram minha chegada. Ótimo também, lembrar das origens sempre lhe coloca em posição de maior clareza das coisas. Mas o Theo tem razão, após se encontrar é difícil mesmo se esconder. E não por escolha minha que ainda me quero inteira pra mim. É por puro instinto mesmo. Por pura fome pela promessa. E quando eu conseguir me transferir da minha “era sem sonhos” para uma era repleta deles, como já bem disse Lenine: “quando eu olhar pro lado, eu quero estar cercado, só de quem me interessa”.

Nota do dia:

Começar De Novo
Ivan Lins
Composição: Ivan Lins / Vitor Martins


Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
Começar de novo...

domingo, 20 de julho de 2008

Democracia ontem?



"Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague

Pelo prazer de chorar e pelo "estamos aí"
Pela piada no bar e o futebol pra aplaudir
Um crime pra comentar e um samba pra distrair
Deus lhe pague

Por essa praia, essa saia, pelas mulheres daqui
O amor malfeito depressa, fazer a barba e partir
Pelo domingo que é lindo, novela, missa e gibi
Deus lhe pague

Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça, desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
Deus lhe pague

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague

Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague"

Chico Buarque - Deus Lhe Pague



Democracia hoje?

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Em primeiro lugar

Aviso: É a ultima vez que tento manter um blog. Se desta vez não der certo, desisto . Entretanto, como a incoerencia quase que me descreve, pode ser que amanhã eu mude de idéia. De todo modo, acho bom uma introdução, afinal qualquer criação que se preze tem uma introdução. Fato é que este é meu tercerio blog em vida, e espero, o ultimo. E em todos eles sempre dei ênfase, mesmo que em reflexões ou citações, à má xima “metade de mim é amor e, a outra metade, também” de Oswaldo Montenegro. Então acho justo, pelo menos uma vez na vida, que eu mostre a origem desta citação e, consequentemente, salientar o porquê da minha atração por ela.
É bem verdade que Oswaldo Montenegro é mestre em compor musiquetas estranhas e, por vezes, barangas, apesar de engraçadas. Mas também é verdade que é mestre no quesito musical e entende de seu oficio como ninguém. Mas digo que, a academia brasileira de letras, ao invéz de ocupar-se em dar méritos a seres mediocres como Paulo Coelho, deveria atentar para poesias tão belas quanto “Metade” de Oswaldo Montenegro que, sendo música, não deixa de ser poesia:

Metade

Oswaldo Montenegro

E que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida
E a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância

Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.


Essa música, assim como tantas outras, fala de mim com muita propriedade. E, pra ser exata, nada do que não seja música é capaz de me descrever. Porque a música é livre, e tem o poder de trazer à luz o que não se pode ver aos olhos nus por meio de palavras tortas e trocadilhos bem feitos. Mesmo que sem letra, música é sempre libertária, tanto no âmbito do íntimo e privado, quanto no âmbito público. Música, sendo arte, é também política. E aqueles que dizem o contrário, nada sabem de arte ou de política (abro uma brecha pra explicar aqui que não tenho a menor intenção de ser imparcial já que concebo que nada no mundo é imparcial).
Considerando que música é uma arma terapêutica, poética, política, sociológica, econômica e, por tudo isso, com capacidade libertária, que coloquei como título deste blog o título de uma música. Uma música tropicalista, movimento do qual me identifico com totalidade de minha alma e de meu entendimento. E neste mesmo sentido, coloco na minha descrição uma música que diz da forma mais simples e sofisticada a imagem que meu espelho mostra de mim, ou aquela que eu simplesmente sou capaz de sentir. E é neste espírito libertário que darei encaminhamentos nos textos e artigos deste espaço.
Não tenho aqui a intenção de ser agradável aos olhos de ninguém a não ser aos meus. Não tenho aqui pretensão de ser aplaudida em tudo o que for publicado e nem iludirei, a quem se propor leitor, que todas as minhas concepções expostas aqui serão sofisticadas, modernas e revolucionárias. Aviso que sou guardiã tanto de idéias revolucionárias como de idéias conservadoras. Aviso que trago comigo uma formação acadêmica à luz da História e marxista. Aviso também que guardo comigo, além disso, concepções cristãs e religiosas. Saliento aqui, porém, que história e marxismo se relacionam mas não são a mesma coisa. Bem como religiosidade e cristianismo podem ser coisas distintas. E, não obstante, ainda prevendo prováveis questionamentos desprovidos de estudos prévios, encurtarei o caminho da pesquisa e digo que marxismo e cristianismo não se anulam. E mesmo que eu possa parecer incoerente e arrogante (o que não nego), usarei da minha liberdade de sê-lo.
Dito isto, presumo ter ficado claro que não sou de todo subversiva e nem de todo conservadora. Remeto-me, entretanto, à música novamente, que é uma das minhas mais lindas e preferidas verdades, para dizer que ao ter a responsabilidade de apresentar minhas ideologias e concepções, pratico um ato libertário. E ao propor falar daquilo que realmente acredito, falo a verdade. ‘E a verdade é a mais revolucionária das armas’.

...enquanto as pessoas da sala de jantar, são preocupadas em nascer, e morrer...