sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Discurso do Ministro Celso Amorim na Onu Discurso do Ministro Celso Amorim na abertura do Debate Geral da 65ª Sessão da Assembleia Geral das Nações U

Discurso do Ministro Celso Amorim na abertura do Debate Geral da 65ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas

Nova York, 23 de setembro de 2010

UN Photo/Rick Bajornas Discurso do Ministro Celso Amorim na abertura do Debate Geral da 65ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas

23/09/2010 -

(English version available after the version in Portuguese)

Senhor Presidente da Assembleia Geral, Joseph Deiss,
Senhor Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
Senhoras e Senhores Chefes de Estado e de Governo,
Senhoras e Senhores,

É grande a honra de subir a esta tribuna e falar em nome do povo e do Governo brasileiros. Trago a saudação do Presidente Lula. Dentro de poucos dias, mais de 130 milhões de brasileiros comparecerão às urnas e escreverão mais um importante capítulo da nossa democracia.

Ao longo dos dois mandatos do Presidente Lula, o Brasil mudou. Crescimento econômico sustentado, estabilidade financeira, inclusão social e a plena vigência da democracia conviveram e se reforçaram mutuamente.

Mais de vinte milhões de brasileiros saíram da pobreza e outros tantos da pobreza extrema. Quase trinta milhões de pessoas ingressaram na classe média.

Políticas públicas firmes e transparentes reduziram as desigualdades de renda, de acesso e de oportunidades. Milhões de brasileiros conquistaram dignidade e cidadania. O mercado interno fortalecido nos preservou dos piores efeitos da crise mundial desencadeada pela ciranda financeira nos países mais ricos do Planeta.

O Brasil orgulha-se de já ter cumprido quase todas as metas e de estar a caminho de alcançar, em 2015, todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

A incapacidade de um país, de qualquer país, de alcançar essas metas deve ser encarada como um fracasso de toda a comunidade internacional. A promoção do desenvolvimento é uma responsabilidade coletiva.

O Brasil vem se empenhando em ajudar outros países a replicar experiências bem sucedidas.

Nesses últimos anos, o Brasil moveu-se na cena internacional impulsionado pelo sentido de solidariedade. Temos a convicção de que é possível fazer política externa com humanismo, sem perder de vista o interesse nacional.

Essa política é amparada por iniciativas de cooperação Sul-Sul. O Fundo de Alívio à Pobreza do IBAS, foro que congrega Índia, Brasil e África do Sul, financia projetos no Haiti, Guiné Bissau, Cabo Verde, Palestina, Camboja, Burundi, Laos e Serra Leoa.

O Brasil aumentou substancialmente sua ajuda humanitária e multiplicou os projetos de cooperação com países mais pobres.

A África ocupa um lugar muito especial na diplomacia brasileira. Desde a sua posse, o Presidente Lula foi à África onze vezes. Visitou mais de duas dezenas de países.

Implantamos um escritório de pesquisas agrícolas em Gana; uma fazenda-modelo de algodão no Mali; uma fábrica de medicamentos anti-retrovirais em Moçambique; e centros de formação profissional em cinco países africanos.

Com comércio e investimento, estamos ajudando o continente africano a desenvolver sua enorme potencialidade e a diminuir sua dependência de uns poucos centros de poder político e econômico.

O Brasil tem uma preocupação especial com a Guiné Bissau. Não é por meio do isolamento ou do abandono que a comunidade internacional logrará resolver os problemas que ainda persistem naquele país irmão. Precisamos de modalidades mais inteligentes de cooperação, que promovam o desenvolvimento e a estabilidade e incentivem as indispensáveis reformas, sobretudo no que tange às forças armadas.

Neste ano, em que um número significativo de países africanos comemora cinquenta anos de descolonização, o Brasil renova seu compromisso com uma África independente, próspera, justa e democrática.

Em poucas situações a solidariedade internacional é tão necessária quanto no Haiti.

Juntamo-nos à ONU no luto pela tragédia que ceifou centenas de milhares de vidas haitianas. Nós mesmos perdemos brasileiros de grande valor, como a Dra. Zilda Arns – uma mulher que dedicou sua vida aos pobres, especialmente às crianças –, Luiz Carlos da Costa, Chefe-Adjunto da MINUSTAH, além de dezoito de nossos militares.

Queremos expressar nossa compaixão pelo sofrimento do povo haitiano e, acima de tudo, nossa admiração pelo estoicismo e coragem com que tem sabido enfrentar a adversidade.

Os haitianos sabem que podem contar com o Brasil, não só para a manutenção da ordem e a defesa da democracia, mas também para o seu desenvolvimento. Estamos realizando o que prometemos e estamos vigilantes para que os compromissos da comunidade internacional não se esgotem em manifestações retóricas.

Nos últimos anos, o Governo brasileiro investiu muito na integração e na paz da América do Sul. Fortalecemos nossa parceria estratégica com a Argentina. Aprofundamos o Mercosul, inclusive com mecanismos financeiros únicos entre países em desenvolvimento.

A fundação da UNASUL - União de Nações Sul-americanas – teve como objetivo consolidar uma genuína zona de paz e de prosperidade. A UNASUL já demonstrou seu valor na promoção do entendimento e da solução pacífica de conflitos entre países sul-americanos e no interior desses países. A UNASUL tornou ainda menos justificável qualquer tipo de ingerência externa.

Com a criação da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, lançada na Bahia e confirmada em Cancún, reafirmamos a vontade regional de ampliar para a América Central e Caribe o espírito integracionista que anima os sul-americanos.

O Brasil reitera seu repúdio – que é de todos os latino-americanos e caribenhos – ao ilegítimo bloqueio a Cuba, cujo único resultado tem sido o de prejudicar milhões de cubanos em sua luta pelo desenvolvimento.

Condenamos retrocessos antidemocráticos, como o golpe de Estado em Honduras. O regresso do ex-Presidente Zelaya sem ameaças à sua liberdade é indispensável para a normalização plena das relações de Honduras com o conjunto da região.

Quando o Presidente Lula subiu a esta tribuna pela primeira vez, em 2003, o mundo vivia sob a sombra da invasão do Iraque.

Esperamos que tenhamos aprendido as lições daquele episódio. É preciso rejeitar a fé cega em relatórios de inteligência feitos sob medida para justificar objetivos políticos. É preciso banir, de uma vez por todas, o uso da força sem amparo no Direito Internacional. Mais do que isso: é fundamental valorizar o diálogo e as soluções pacíficas para as controvérsias.

Para alcançarmos um mundo verdadeiramente seguro, é preciso que seja cumprida a promessa da eliminação total das armas nucleares. Cortes unilaterais são bem-vindos, mas insuficientes, sobretudo quando ocorrem em paralelo à modernização dos arsenais atômicos.

Como o Presidente Lula costuma dizer, o multilateralismo é a face internacional da democracia. E a ONU deve ser o principal centro de decisões para a política internacional.

As mudanças que se têm operado no mundo ao longo das últimas décadas e a sucessão de crises que temos vivido no que toca à segurança alimentar, à mudança do clima, ao campo econômico e financeiro, e às áreas de paz e segurança tornam urgente redefinir as regras que organizam o convívio internacional.

A crise financeira de 2008 precipitou mudanças na governança econômica global. O G-20 tomou o lugar do G-8 como principal foro de deliberação sobre temas econômicos.

O G-20 significou uma evolução. Mas o Grupo deve sofrer ajustes, por exemplo, para garantir maior presença africana. O G-20 só preservará sua relevância e legitimidade se souber manter diálogo franco e permanente com o conjunto das nações representadas nesta Assembleia Geral.

No auge da crise, conseguimos evitar o pior: um surto protecionista descontrolado, que teria lançado o mundo em uma depressão profunda. Mas os países desenvolvidos não têm demonstrado o necessário compromisso com a estabilidade econômica global. Continuam privilegiando uma lógica baseada em interesses paroquiais.

Em nenhuma outra área isso é tão evidente quanto na Rodada Doha da OMC. Uma solução equilibrada desse processo, que se estende por quase dez anos, favoreceria, com o fim dos subsídios distorcivos e das barreiras protecionistas, a expansão econômica e o desenvolvimento nos países mais pobres. Afinal, são estes as principais vítimas da visão estreita e mesquinha que ainda prevalece em relação ao comércio internacional.

Na área financeira, as reformas tampouco foram suficientes. Resistências injustificadas impedem que mudanças já acordadas sejam concretizadas. A obstinação em manter privilégios anacrônicos perpetua e aprofunda a falta de legitimidade das instituições.

Outro grande desafio é o de alcançar um acordo global, abrangente e ambicioso sobre a mudança do clima.

Para avançar nessa matéria, é preciso que os países deixem de se esconder uns atrás dos outros. O Brasil, como outros países em desenvolvimento, fez a sua parte. Mas, em Copenhague, várias delegações, sobretudo do mundo rico, procuraram justificativas para se esquivarem de suas obrigações morais e políticas. Esqueceram-se de que com a natureza não se negocia.

Um resultado positivo na COP-16, com progressos reais em florestas, financiamento para adaptação e mitigação e a reafirmação dos compromissos de Quioto, é imprescindível. A presidência mexicana pode contar com o engajamento do Brasil.

Em 2012, organizaremos no Rio de Janeiro a Rio+20. Em nome do Governo brasileiro, renovo o convite a todos, para realizarmos a promessa de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

Senhor Presidente,

A reforma da governança global ainda não alcançou o campo da paz e da segurança internacionais. Nas esferas econômica e ambiental as nações mais ricas já compreenderam que não podem prescindir da cooperação dos países pobres e dos emergentes. Mas, quando se trata de assuntos da guerra e da paz, as potências tradicionais relutam em compartilhar o poder.

O Conselho de Segurança deve ser reformado, de modo a incluir maior participação dos países em desenvolvimento, inclusive entre seus membros permanentes.

Não é possível continuar com métodos de trabalho pouco transparentes, que permitem aos membros permanentes discutirem, a portas fechadas e pelo tempo que desejarem, assuntos que interessam a toda a Humanidade.

O Brasil tem procurado corresponder ao que se espera de um membro do Conselho de Segurança, mesmo não-permanente, que é contribuir para a paz. Por essa razão, nos empenhamos em encontrar um instrumento que pudesse representar avanço para a solução do dossiê nuclear iraniano.

Ao fazê-lo, nos baseamos em propostas apresentadas como “oportunidade ímpar” para criar confiança entre as partes. A Declaração de Teerã de 17 de maio, firmada por Brasil, Turquia e Irã, removeu obstáculos que, segundo os próprios autores daquelas propostas, impediam que se chegasse a um acordo.

A Declaração de Teerã não esgota a matéria. Nem foi essa a intenção. Estamos convictos de que, uma vez de volta à mesa de negociações, as partes encontrarão formas de resolver outros problemas, como o enriquecimento a 20% e o estoque de urânio enriquecido acumulado desde outubro de 2009.

A despeito das sanções, ainda temos esperança de que a lógica do diálogo e do entendimento prevaleça.

O mundo não pode se permitir o risco de um novo conflito como o do Iraque. Por isso temos insistido com o Governo do Irã que mantenha uma atitude flexível e de abertura às negociações. É preciso que todos os envolvidos revelem essa disposição.

Seguimos com atenção os desdobramentos no processo de paz no Oriente Médio. Esperamos que o diálogo direto entre palestinos e israelenses, lançado no início deste mês, leve a avanços concretos, que resultem na criação de um Estado Palestino nas fronteiras anteriores a 1967. Um Estado que assegure ao povo palestino uma vida digna, coexistindo, lado a lado e pacificamente, com o Estado de Israel.

Mas não é a forma do diálogo que determinará se haverá resultados. O que importa é o ânimo das partes de chegar a uma paz justa e duradoura. Isto será mais fácil com o envolvimento de todos os interessados.

O congelamento de construções em assentamentos nos territórios ocupados, o levantamento do bloqueio à Faixa de Gaza e o fim de ataques a populações civis são elementos fundamentais neste processo.

Na visita que fez a Israel, à Palestina e à Jordânia, em março, o Presidente Lula discutiu esses temas com governantes e com representantes da sociedade civil. Recebemos em Brasília, com frequência, dirigentes de diversos países da região, que buscam apoio para a solução dos problemas que os afligem há tantas décadas e que não têm sido resolvidos pelos meios e atores tradicionais.

O Brasil, que tem cerca de dez milhões de descendentes de árabes e uma comunidade judaica convivendo em harmonia, não se furtará a dar sua contribuição para a Paz a que todos anseiam.

Temos um compromisso inabalável com a promoção dos Direitos Humanos.

Favorecemos um tratamento não-seletivo, objetivo e multilateral dos direitos humanos. Um tratamento sem politização ou parcialidade, em que todos – ricos ou pobres, poderosos ou fracos – estejam sujeitos ao mesmo escrutínio.

Na nossa visão, o diálogo e a cooperação são mais efetivos para assegurar o exercício dos Direitos Humanos do que a arrogância baseada em uma suposta superioridade moral auto-conferida.

Senhor Presidente,

Nos oito anos do Governo Lula, o Brasil desenvolveu uma diplomacia independente, sem subserviências e respeitosa de seus vizinhos e parceiros. Uma diplomacia inovadora, mas que não se afasta dos valores fundamentais da nação brasileira – a paz, o pluralismo, a tolerância e a solidariedade.

Assim como o Brasil mudou, e continuará a mudar, o mundo se está transformando. É preciso aprofundar e acelerar essas mudanças.

Com os avanços tecnológicos e a riqueza acumulada, não há mais lugar para a fome, a pobreza e as epidemias que podem ser evitadas. Não podemos mais conviver com a discriminação, a injustiça e o autoritarismo. Temos que enfrentar os desafios do desarmamento nuclear, do desenvolvimento sustentável e de um comércio mais livre e mais justo.

Estejam certos: o Brasil continuará lutando para fazer desses ideais uma realidade.

Muito obrigado.

Fonte: http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/notas-a-imprensa/discurso-do-ministro-celso-amorim-na-abertura-do-debate-geral-da-65a-sessao-assembleia-geral-das-nacoes-unidas-2013-nova-york-23-de-setembro-de-2010

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Os reais riscos de uma Terceira Grande Guerra Mundial

Há muito tenho observado as movimentações políticas dos EUA e Israel em torno de Irã e também Coreia do Norte em nome de proteger o mundo e a cultural ocidental. Também é claro o conservadorismo e xenofobismo crescente na Europa nos últimos tempos. As propagandas contra estes países e contra a cultura deles aparecem nas mídias através de todas as frentes. Todos sabem: em tempos de crises os grupos de extrema direita se organizam de maneira profícua a fim de defender seus interesses e, são estes o capital e tudo que o envolve. É notório também que em tempos de crise é a guerra a arma para o aquecimento da economia. Neste contexto, suponho que muitos já observaram e levantaram a hipótese do risco de uma nova guerra de grandes proporções em pela crise, assim como eu considero tal possibilidade. Esta hipótese também é considerada por intelectuais e grandes combatentes de esquerda que, nos últimos meses, têm alertado a população mundial, sobretudo a militância revolucionária, a respeito dessas questões. Posto isto, achei por bem reunir os textos e artigos destes intelectuais sobre o assunto com três fins: por motivos históricos (como arquivo histórico) e de contexto mundial, para informação aos que não estavam cientes do processo e para debate aos que quiserem comentar, analisar e trocar percepções sobre o tema. Trata-se de textos longos, porém de excelente conteúdo dos quais vale a pena ler. Não se trata de conjecturas conspiratórias, e sim de algo que, ao que parece, será presente em nossas vidas a curto/médio prazo: uma terceira grande guerra visto que estamos vivendo agora, no meu entender, uma segunda guerra fria.

p.s.: (se caso forem publicados mais textos e artigos sobre o assunto, alimentarei este post colocando fonte e autores)

Aos textos:

Objetivo Irã: os riscos de uma Terceira Guerra Mundial
11/08/2010

As consequências de um ataque mais amplo por parte dos EUA, da OTAN e de Israel contra o Irã são de grande alcance. A guerra e a crise econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street que, por sua vez, se ergue como credor da administração dos EUA. Por sua vez, “a luta pelo petróleo” no Oriente Médio e Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não mencionar a catástrofe ambiental mais grave na história da humanidade. O artigo é de Michel Chossudovsky, diretor do Centro para Investigação sobre a Globalização.

Michel Chossudovsky - Global Research

Centro para a Investigação da Globalização (Global Research on Globalization)

A humanidade está numa encruzilhada perigosa. Os preparativos de guerra para atacar o Irã estão em estágio avançado. Sistemas de alta tecnologia, incluindo armas nucleares, estão totalmente desenvolvidos. Esta aventura militar está colocada sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono desde meados da década de 1990. Primeiro o Iraque, depois o Irã, segundo documentos desclassificados de 1995, do Comando Central dos EUA.

A escalada é parte da agenda militar. Além do Irã, próximo objetivo junto com a Síria e o Líbano, esse desdobramento estratégico ameaça também a Coréia do Norte, a China e a Rússia. Desde 2005, os EUA e seus aliados, incluídos aqui os Estados Unidos da OTAN e Israel, estão envolvidos numa ampla atividade e no armazenamento de sistemas de armas avançados.

Os sistemas de defesa aéreos dos EUA, os países membros da OTAN e Israel estão totalmente integrados. Trata-se de uma tarefa coordenada pelo Pentágono, pela OTAN e pela Força de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), com a participação ativa de militares de vários países da OTAN e não só, incluindo os estados árabes de primeira linha (os membros da OTAN do Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação de Istambul), Arábia Saudita, Japão, Coréia do Sul, Índia, Indonésia, Singapura, Austrália, entre outros. A OTAN se compõe de 28 estados membros. Outros 21 países são membros do Conselho da Aliança Euro-Atlântica (EAPC); o Diálogo Mediterrânico e a Iniciativa de Cooperação de Istambul contam com dez países árabes e Israel.

O papel do Egito, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita (dentro de uma aliança militar ampliada) é de particular relevância. O Egito controla o trânsito de barcos de guerra e de barcos petroleiros pelo Canal de Suez. Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam a costa ocidental do sul do Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o Golfo de Omã.

Em princípios de junho deste ano o Egito informou que permitiu a onze barcos dos EUA e de Israel passar pelo Canal de Suez, numa aparente sinalização ao Irã. Em 12 de junho, vozes da imprensa regional informaram que os sauditas haviam dado a Israel autorização para sobrevoar seu espaço aéreo (Mirak Weissbach Muriel, Israel Insane War on Iran Must Be Prevented, Global Research, 31 de julho de 2010). Na doutrina militar consagrada após o 11 de setembro, o estabelecimento massivo de armamento militar se definiu como parte da chamada Guerra Global contra o terrorismo, dirigido para organizações terroristas não estatais, como a Al Qaeda e os chamados Estados patrocinadores do terrorismo, entre eles o Irã, Síria, Líbano e Sudão.

A criação de novas bases militares dos EUA, o armazenamento de armas avançadas, incluindo as armas nucleares táticas, etc. foram levadas a cabo como parte da preventiva doutrina militar defensiva debaixo do guarda chuva da "Guerra Global contra o Terrorismo".

Guerra e crise econômica
As consequências de um ataque mais amplo por parte dos EUA, da OTAN e de Israel contra o Irã são de grande alcance. A guerra e a crise econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street que, por sua vez, se ergue como credor da administração dos EUA.

Os produtores de armas dos EUA são os destinatários de bilhões de dólares do Departamento de Defesa do país, pelos contratos de aquisição de sistemas de armas avançadas.

Por sua vez, “a luta pelo petróleo” no Oriente Médio e Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não mencionar a catástrofe ambiental mais grave na história da humanidade. Por amarga ironia, a British Petroleum, uma das maiores jogadoras do tabuleiro de xadrez geopolítico da Ásia Central no Médio Oriente, antigamente conhecida como Anglo-Persian Oil, causou a terrível catástrofe ecológica no Golfo do México.

Meios de desinformação
A opinião pública, influenciada pelo barulho dos meios de comunicação, oferece apoio tático, indiferente ou ignorante dos possíveis impactos daquilo que se mantém propositalmente como um fator punitivo da operação dirigida contra as instalações nucleares do Irã em lugar de uma guerra total.

Os preparativos de guerra incluem o aumento da atividade dos fabricantes de armas nucleares dos EUA e de Israel. Neste contexto, as consequências devastadoras de uma guerra nuclear são banalizadas ou simplesmente não se mencionam. A crise “real” que ameaça a humanidade é o “aquecimento global” e não a guerra.

A guerra contra o Irã é apresentada à opinião pública como um tema banal entre tantos outros. Não é apresentado como uma ameaça à Mãe Terra, como é o caso do aquecimento global. Não se noticia com destaque. O fato de que um ataque contra o Irã poderia levar a uma potencial escalada e o desencadear uma guerra global não é motivo de preocupação.

Culto à morte e a destruição
A máquina global de matar é sustentada pelo culto à morte e pela destruição que impregnam muitos dos filmes de Hollywood, e por não mencionar as guerras no horário nobre. E também pelas séries de televisão sobre delinquência.

Este culto à matança está respaldado pela CIA e pelo Pentágono, que apóia, financiando, produções de Hollywood como instrumento de propaganda de guerra.

O ex-agente da CIA Bob Baer disse: "Existe uma simbiose entre a CIA e Hollywood e revelou que o ex-diretor da CIA, George Tenet, se encontra atualmente em Hollywood, conversando com os estúdios. (Matthew Alford and Robie Graham, “Lights, Camera Covert Action: The Deep Politics of Hollywood”, Global Research, 31 de janeiro de 2009).

A máquina de matar se desenvolveu em nível global dentro do marco de estrutura de comando de combate unificado. E é mantida habitualmente por instituições de governo, meios corporativos, altos funcionários e intelectuais que se colocam à disposição de uma Nova Ordem Mundial a partir de um grupo de pensadores de Washington e dos institutos de investigação de estudos estratégicos, como instrumento indiscutível da paz e da prosperidade mundial. É a cultura da morte e da violência gravando-se na consciência humana.

A guerra está amplamente aceita como parte de um projeto social: a Pátria tem que ser defendida e protegida.

A violência legitimada e as execuções extrajudiciais contra os terroristas são mantidas nas democracias ocidentais como instrumentos necessários de segurança nacional.

Uma “guerra humanitária” é sustentada pela chamada comunidade internacional. Não é condenada como um ato criminoso. Seus principais idealizadores são recompensados por suas contribuições à paz mundial. Em relação ao Irã, o que se está desenvolvendo é a legitimação direta de uma guerra em nome de uma idéia ilusória de segurança mundial.

Um ataque aéreo “preventivo” contra o Irã levaria a uma escalada. Na atualidade existem três teatros de guerra no Oriente Médio e Ásia Central: Iraque, Afeganistão/Paquistão e Palestina.

Se o Irã se tornar objeto de um ataque “preventivo” por forças aliadas, toda a região, desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira da China com o Afeganistão e o Paquistão poderia arder em chamas, o que nos conduz, potencialmente, a um cenário de Terceira Guerra Mundial.

A guerra se estenderia ao Líbano e a Síria. É muito pouco provável que se os ataques, caso se concretizassem, ficassem circunscritos a instalações nucleares do Irã, como afirmam as declarações oficiais dos EUA e da OTAN. O mais provável será um ataque aéreo tanto a infraestruturas militares como civis, sistemas de transporte, fábricas e edifícios públicos.

O Irã, com dez por cento estimados do petróleo mundial, ocupa o terceiro lugar em reservas de gás, depois da Arábia Saudita (25%) e o Iraque (11%), pelo tamanho de suas reservas. Em comparação, os EUA têm menos de 2,8% das reservas mundiais de petróleo. (Cf. Eric Waddell, The Battle for Oil, Global Research, dezembro de 2004).

É de grande importância o recente descobrimento no Irã, nas regiões de Soumar e Halgan, das segundas maiores reservas mundiais conhecidas que se estimam em 12,4 bilhões de pés cúbicos. Apontar as armas ao Irã não só consiste em recuperar o controle anglo-estadunidense sobre o petróleo e a economia de gás, incluindo-se as rotas de oleodutos, mas também questiona a influência da China e da Rússia na região.

O ataque planificado contra o Irã faz parte de um mapa global coordenado de orientação militar. É parte da “longa guerra do Pentágono”, uma proveitosa guerra sem fronteiras, um projeto de dominação mundial, uma sequencia de operações militares.

Os planificadores militares dos EUA e da OTAN têm previsto diversos cenários da escalada militar. E são também muito conscientes das implicações geopolíticas, como por exemplo, saber que a guerra poderá se estender para além da região do Oriente Médio e da Ásia Central. Os efeitos econômicos sobre os mercados do petróleo, etc. são também analisados. Enquanto o Irã, a Síria e o Líbano são os objetivos imediatos, China, Rússia, Coréia do Norte, sem contar Venezuela e Cuba, são também objeto de ameaça dos EUA.

Está em jogo a estrutura das alianças militares. As atividades militares da OTAN-EUA-Israel, incluindo manobras e exercícios realizados na Rússia e suas fronteiras próximas com a China têm uma relação direta com a guerra proposta contra o Irã. Estas ameaças veladas, incluindo o seu calendário, constituem um claro aviso aos antigos poderes da época da Guerra Fria, para evitar que possam ou venham a interferir em um ataque dos EUA ao Irã.

Guerra Mundial

O objetivo estratégico em médio prazo é chegar ao Irã e neutralizar seus aliados, através da diplomacia dos tiros de canhão. O objetivo militar em longo prazo é dirigir-se diretamente à China e a Rússia.

Ainda que o Irã seja o objetivo imediato, o desdobramento militar não se limita ao Oriente Médio e a Ásia Central. Uma agenda militar global está estabelecida. O avanço das tropas de coalizão e os sistemas de armas avançadas dos EUA, da OTAN e seus sócios, está se configurando de forma simultânea em todas as principais regiões do mundo.

As recentes ações dos militares dos EUA em frente as costas da Coréia do Norte em forma de manobras são parte de um desenho global. Os exercícios militares, simulações de guerra, o deslocamento de armas, etc. dos EUA, da OTAN e seus aliados que se estão realizando simultaneamente nos principais pontos geopolíticos, visam principalmente a Rússia e a China.

-A península da Coréia, o Mar do Japão, o estreito de Taiwan, o Mar Meridional da China, ameaçam a China.

- O deslocamento de mísseis Patriot para Polônia, o Centro de Alerta próximo à República Checa, ameaça a Rússia.

- Avanços navais na Bulgária, na Romênia e Mar Negro, ameaçam a Rússia.

- Avanços de tropas da OTAN e dos EUA na Geórgia também.

- Um deslocamento naval de grande dimensão no Golfo Pérsico, incluindo-se submarinos israelenses, dirigidos contra o Irã.

Ao mesmo tempo, o Mediterrâneo Oriental, o Mar Negro, o Caribe, América Central e região andina da América do Sul, são as zonas de militarização em curso. Na América Latina e no Caribe, as ameaças se dirigem à Venezuela e a Cuba.

“Ajuda militar” dos EUA

Por sua vez, transferências de armas em grande escala foram feitas sob a bandeira norte americana como “ajuda militar” a países selecionados, incluindo-se cinco bilhões de dólares num acordo de armamento com a Índia que se destina a melhorar as capacidades bélicas da Índia contra a China. (Huge U.S – Índia Arms Deal To Contain China, Global Times, 13 de julho de 2010).

“Isto (a venda de armas) significa melhorar as relações entre Washington e Nova Delhi e, de forma deliberada ou não terá o efeito de conter a influência da China na região”. (Citado em Rick Rozoff, Confronting both China and Russia: U.S. Risks Military Clash With China in Yellow Sea, Global Research, 16 de julho de 2010).

Os EUA conseguiram acordos de cooperação militar com alguns países do sul da Ásia Oriental, como Singapura, Vietnã e Indonésia, incluindo sua “ajuda militar”, assim como a participação em manobras militares, sempre dirigidas pelos Estados Unidos, na órbita do Pacífico (julho/agosto de 2010). Esses acordos são de apoio às implementações de armas dirigidas contra a República Popular da China. (Cf. Rick Rozoff, op. Cit.)

Calendário de provisão e armazenamento militar

No que diz respeito à transferência de armas dos EUA para sócios e aliados, o crucial é o momento da entrega e do seu desdobramento. O lançamento de uma operação militar dos EUA ocorrerá, uma vez que esses sistemas de armas estejam em seu lugar mediante o desenvolvimento efetivo da aplicação e da capacitação do pessoal preparado. (Por exemplo, a Índia)

Estamos falando de um desenho militar mundial cuidadosamente coordenado e controlado pelo Pentágono, com a participação de forças armadas combinadas de mais de quarenta países. Esse desdobramento militar mundial é, com certeza, o maior desdobramento de sistema de armas avançados da história.

Por sua vez, os EUA e seus aliados têm estabelecido novas bases militares em diferentes partes do mundo. “A superfície da terra está estruturada como se fosse um enorme campo de batalha” (Cf. Jules Dufour, The Worldwide Network of US Military Bases, Investigación Global, 01 de julho de 2007).

O Comando Unificado da estrutura geográfica dividida em comandos de combate tem como base uma estratégia de militarização em nível global. “Os militares norte americanos têm bases em 63 países. E novas bases foram construídas a partir do 11 de setembro de 2001 em sete países. No total, existem 255.065 militares dos EUA distribuídos por todo o mundo”. (Cf. Jules Dufour, op. Cit.)

O cenário da Terceira Guerra Mundial
Esse desdobramento militar se produz em várias regiões e ao mesmo tempo sob a coordenação dos comandos regionais dos EUA com a participação de aliados no armazenamento de arsenais norte americanos, inclusive antigos inimigos, como o Vietnã e o Japão.

O contexto atual se caracteriza por uma acumulação militar global controlada por uma superpotência mundial que está utilizando seus aliados para desencadear numerosas guerras regionais.

A diferença que se estabelece com a Segunda Guerra Mundial, que foi também uma conjunção de distintas guerras regionais, é que com a tecnologia de comunicações e sistemas de armas da década de 1940, não havia estratégia em “tempo real” para coordenar as ações militares entre grandes regiões geográficas.

A guerra mundial se apóia num desdobramento coordenado de uma só potência militar dominante, que supervisiona as ações de seus aliados e sócios.

Com exceção de Hiroshima e Nagasak, a Segunda Guerra Mundial se caracterizou pelo uso de armas convencionais. A planificação de uma guerra mundial se baseia na militarização do espaço ultra terrestre.

Se uma guerra contra o Irã se inicia, não somente o uso de armas nucleares, mas toda uma gama de novos sistemas de armas avançadas, incluindo armas eletrônicas e técnicas de modificação ambiental, seria utilizada.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas
O Conselho de Segurança da ONU aprovou em princípios de junho último uma quarta rodada de sanções de grande alcance contra a República Islâmica do Irã, que incluem o embargo de armas e “controles financeiros mais estritos”.

Em amarga ironia, esta resolução foi aprovada poucos dias depois da negativa pura e simples do mesmo Conselho de Segurança em adotar uma moção de condenação ao Estado de Israel em seu ataque à Frota pela Liberdade em Gaza em águas internacionais.

Tanto a China quanto a Rússia, pressionados pelos EUA, têm apoiado o regime de sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas em seu próprio prejuízo. Suas decisões no CS contribuem para enfraquecer sua própria aliança militar, a Organização de Cooperação de Xangai (OCS), onde o Irã tem o estatuto de observador. A resolução do Conselho de Segurança congela os respectivos acordos de cooperação militar e econômica da China e da Rússia com o Irã. Isto tem graves repercussões no sistema de defesa aérea do Irã que, em parte, depende da tecnologia e da experiência russas. A Resolução do Conselho de Segurança outorga, de fato, “luz verde” para liberar uma guerra preventiva contra o Irã.

A inquisição estadunidense: construção de um consenso político para a guerra

Em coro, os meios de comunicação ocidentais têm qualificado o Irã como uma ameaça à segurança mundial por seu suposto (inexistente) programa de armas nucleares. Fazendo eco com as declarações oficiais, os meios de comunicação estão exigindo agora a aplicação de bombardeios punitivos dirigidos contra o Irã, a fim de salvaguardar a integridade de Israel.

Esse mesmos meios de comunicação fazem soar os tambores de guerra. O propósito é incutir na mente das pessoas, a partir da repetição de notícias até a exaustão, a idéia de que a ameaça iraniana é real e que a República islâmica deve ser “banida”.

O processo de criação de um consenso para fazer a guerra é similar ao da Inquisição espanhola. Requer e exige submissão à idéia de que a guerra é uma tarefa humanitária.

Contudo, conhecida e documentada, a verdadeira ameaça à segurança global vem da aliança EUA-OTAN-Israel; na verdade, a realidade por um ambiente inquisitorial é exatamente o seu oposto: os belicistas parecem estar comprometidos com a paz, enquanto as vítimas da guerra se apresentam como protagonistas do conflito.

Em coro, os meios de comunicação ocidentais têm qualificado o Irã como uma ameaça à segurança mundial por seu suposto (inexistente) programa de armas nucleares. Fazendo eco com as declarações oficiais, os meios de comunicação estão exigindo agora a aplicação de bombardeios punitivos dirigidos contra o Irã, a fim de salvaguardar a integridade de Israel.

Esse mesmos meios de comunicação fazem soar os tambores de guerra. O propósito é incutir na mente das pessoas, a partir da repetição de notícias até a exaustão, a idéia de que a ameaça iraniana é real e que a República islâmica deve ser “banida”.

O processo de criação de um consenso para fazer a guerra é similar ao da Inquisição espanhola. Requer e exige submissão à idéia de que a guerra é uma tarefa humanitária.

Contudo, conhecida e documentada, a verdadeira ameaça à segurança global vem da aliança EUA-OTAN-Israel; na verdade, a realidade por um ambiente inquisitorial é exatamente o seu oposto: os belicistas parecem estar comprometidos com a paz, enquanto as vítimas da guerra se apresentam como protagonistas do conflito.

Considerando que em 2006 quase dois terços dos norte americanos se opunham a uma ação militar contra o Iraque, uma recente pesquisa feita em 2010 pela Reuter-Zogby, indica que 56% dos estadunidenses são favoráveis a uma ação militar da OTAN contra o Irã. A construção de um consenso político que se nutre de uma mentira não pode, contudo, confiar somente na posição oficial daqueles que são a fonte da própria mentira.

Os movimentos pacifistas nos EUA, que em parte têm sido infiltrados e cooptados, assumiram uma posição fragilizada em relação ao Irã. O movimento contra a guerra está dividido. A ênfase se coloca contra as guerras que estão em andamento (Afeganistão e Iraque) ao invés de se oporem vigorosamente a guerras que estão sendo preparadas e que se encontram sobre o tabuleiro de xadrez do Pentágono.

Desde a posse de Barack Obama, o movimento contra a guerra perdeu muito da sua força. Por outro lado, aqueles que se opõem ativamente às guerras no Afeganistão e no Iraque, não se opõem necessariamente à realização de “bombardeios punitivos” contra o Irã, nem consideram essas ações como atos de guerra. Guerra esta que poderia ser o prelúdio da Terceira Guerra Mundial.

A escalada de protestos contra a guerra em relação ao Irã tem sido mínima em comparação com as enormes manifestações que precederam os bombardeios de 2003 e a invasão do Iraque.

Mas a verdadeira ameaça à segurança do mundo vem da aliança EUA-OTAN-Israel. À operação Irã, não se opuseram, no âmbito diplomático, tanto a China quanto a Rússia, sendo que conta também com o apoio dos governos dos estados árabes de primeira linha que integram o diálogo OTAN - Mediterrâneo. Conta também com o apoio tácito da opinião pública ocidental.

Fazemos aqui um apelo às pessoas de todos os países, nas Américas, Europa Ocidental, Turquia, Israel, em todo o mundo, a levantarem-se contra este projeto militar, contra os seus governos que apóiam a ação militar no Irã, a levantarem-se contra os meios de comunicação que servem para dissimular as devastadoras conseqüências de uma guerra contra o Irã. Esta guerra será uma insanidade.

A Terceira Guerra Mundial é terminal. Albert Einstein sabia dos perigos da guerra nuclear e da extinção da vida na terra, que já começou com a contaminação radioativa resultante do urânio empobrecido. “Não sei com que armas se fará a luta numa III Guerra Mundial, mas na IV Guerra Mundial se lutará com paus e pedras”. Os meios de comunicação, os intelectuais, os cientistas e os políticos, em coro, ofuscam a verdade não contada, ou seja, que a guerra que utiliza ogivas nucleares destrói a humanidade e que este complexo processo de destruição gradual já começou.

Quando a mentira se converte em verdade, já não há volta atrás. Quando a guerra se invoca como uma “tarefa humanitária”, a justiça e todo o sistema jurídico internacional são tomados ao contrário: o pacifismo e o movimento contra a guerra são criminalizados. Opor-se à guerra se converte num ato criminoso.

A mentira deve ser exposta como aquilo que é e o que faz: sanciona a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças. Destrói famílias e pessoas. Destrói o compromisso das pessoas com os seus semelhantes. Impede as pessoas de expressarem sua solidariedade pelos que sofrem. Defende a guerra e o estado policial como a única saída. Destrói o internacionalismo.
Impedir a mentira significa impedir um projeto criminoso de destruição global. Nela, a busca do benefício é a força primordial. Este benefício, movendo a agenda militar, destrói os valores humanos e transforma as pessoas em zumbis inconscientes.

Vamos inverter essa maré.
Desafio aos criminosos de guerra em seus altos cargos e em suas poderosas corporações, bem como aos grupos de pressão que os apóiam: fim da inquisição dos Estados Unidos da América. Fim da cruzada militar EUA-OTAN-Israel.Fechem as fábricas de armas e as bases militares. Retirada das tropas dos campos de guerra. Os membros das Forças Armadas devem desobedecer às ordens e negarem-se a participar de uma guerra criminosa.

(*) Michel Chossudovsky é laureado autor, professor (emérito) de Economia na Universidade de Ottawa e diretor do Centro para Investigação sobre a Globalização (CRG), Montreal. É autor de ‘La Globalización de la Pobreza y el Nuevo Orden Mundial’ (2003) e de ‘La guerra de América contra el terrorismo’ (2005). Também é colaborador da Enciclopédia Britânica. Seus escritos são publicados em mais de vinte idiomas.
Tradução do espanhol de Izaías Almada.


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16872

Uma guerra antissemita para salvar o capital - 26/07/2010

Por José Arbex Jr.

“Israel é a nossa primeira linha de defesa em uma agitada região que está constantemente sob o risco de cair no caos; uma região que é vital para a segurança energética mundial devido à nossa dependência excessiva de petróleo do Oriente Médio; uma região que forma a linha de frente na luta contra o extremismo. Se Israel cai, todos nós cairemos.

(...) O Ocidente está atravessando um período de incerteza com relação ao futuro do mundo. No sentido amplo, esta incerteza é causada por uma espécie de dúvida masoquista sobre nossa própria identidade; pela regra do politicamente correto; por um multiculturalismo que nos obriga a curva-nos diante dos outros; e por um secularismo que, cinicamente, nos cega, mesmo quando somos confrontados por membros do jihad promovendo a encarnação mais fanática de sua fé. Deixar Israel à sua própria sorte, neste momento crucial, serviria apenas para ilustrar o quanto afundamos e como nosso declínio inexorável agora se torna eminente.

(...) Israel é uma parte fundamental do Ocidente. O Ocidente é o que é graças às suas raízes judaico-cristãs. Se o elemento judeu dessas raízes for retirado e perdemos Israel, também estamos perdidos. Quer queira ou não, nosso destino está interligado.”

Os trechos acima fazem parte de um texto de José Maria Aznar, primeiro ministro da Espanha entre 1996 e 2004, publicado no Times de Londres, em 17 de junho. O texto tem o mérito da extrema clareza, equiparável ao seu cinismo colonialista. Aznar faz um diagnóstico correto da crise mundial: “O Ocidente está atravessando um período de incerteza com relação ao futuro.” Nesse contexto, Israel – “parte fundamental do Ocidente” - joga um papel essencial no Oriente Médio, “região que é vital para a segurança energética mundial”. O raciocínio é sintetizado pela sentença: “Se Israel cai, todos nós cairemos.”

Aznar não é um fulano qualquer, ainda que o sobrenome reflita sua vocação intelectual. Ele é filho diletodo franquismo e expressa os sentimentos mais atrasados, reacionários e conservadores da Europa branca, católica e chauvinista. Aznar é um cruzado, como aqueles que propunham o extermínio dos semitas (judeus e mouros) na Idade Media, especialmente na Espanha de Isabel de Castela e Fernando de Aragão. Mas, dado o papel geopolítico de Israel no mundo contemporâneo, Aznar é obrigado a fazer o elogio dos judeus, reservando a babação antissemita ao Islã. É um discurso bizarro, num país que viveu mais de sete séculos sob influência moura, e de onde foram expulsos pela Inquisição de Torquemada (ele próprio, um cristão novo) centenas de milhares de judeus que procuraram abrigo exatamente nos países islâmicos.

Fonte: http://carosamigos.terra.com.br/index_site.php?pag=revista&id=145&iditens=667

Fidel Castro alerta sobre perigo de guerra nuclear

Havana, 13 jul (Prensa Latina) O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, afirmou que um ataque dos Estados Unidos e Israel ao Irã desatará inevitavelmente uma guerra nuclear.
Fidel Castro alerta sobre perigo de guerra nuclear por ataque ao Irã

Havana, 13 jul (Prensa Latina) O líder da Revolução cubana, Fidel Castro, afirmou que um ataque dos Estados Unidos e Israel ao Irã desatará inevitavelmente uma guerra nuclear.

Ao participar ontem do programa televisado Mesa Redonda, Fidel Castro fez uma análise aprofundada da grave situação existente no Oriente Médio em consequência das ameaças estadunidenses e israelenses de lançar um ataque destrutivo contra o Irã.

Assinalou a equivocada análise de Washington sobre a possibilidade de que o povo iraniano não enfrente aos agressores e destacou a resistência que vão encontrar. Os iranianos levam 30 anos preparando-se e adquirindo todos os aviões e armas russas e chinesas possíveis para sua defesa.

Estão treinando todas as pessoas maiores de 12 anos e menores de 60, somente os Guardiões da Revolução têm um milhão de membros, o exército e a marinha têm forças de ar, mar e terra, são 20 milhões de muçulmanos xiitas, expressou Fidel Castro.

Recordou que quando foi imposta uma guerra química o Irã depois do triunfo da Revolução, o atual dirigente iraniano Mahmud Ahmadinejad, esteve à frente dos Guardiões da Revolução na defesa da fronteira com o Iraque.

Ahmadinejad não é um improvisado, reiterou o líder de a Revolução cubana.

De onde os Estados Unidos podem tirar então a teoria de que vão sair correndo frente a um inimigo que o quer destruir todo e o declara ademais?, pontualizou.

Fidel Castro coincidiu com Noam Chomsky em que a atual é a mais séria crise de política exterior para a administração Obama e se referiu à grave situação existente na península coreana.
Insistiu em responsabilizar os Estados Unidos de ser o autor do afundamento do sofisticado navio da Coreia do Sul com o objetivo de justificar um ataque à Coreia do Norte mediante a colocação de uma mina sob a embarcação.

Apontou que, inicialmente, pensou que por aí se desataria a guerra pois ainda não tinha sido aprovada pelo Conselho de Segurança a resolução estabelecendo sanções contra o Irã.
No entanto, destacou que, diante de um ataque em massa contra o Irã, a Coreia do Norte não vai esperar a agressão a essa nação por isso se desataria outra guerra nessa região também de caráter nuclear. "Quando se decidam atacar o Irã se registrará uma guerra após outra", destacou.

Fonte: http://inverta.org/jornal/agencias/internacional/fidel-castro-alerta-sobre-perigo-de-guerra-nuclear-por-ataque-ao-ira

A guerra contra o Irã é coisa certa para o Imperialismo - Reflexões de Fidel 16/08/2010 - por Robson Ceron.

Nesta Reflexão, Fidel traz novos elementos que confirmam o que ele vem dizendo há alguns meses: A guerra contra o Irã já é coisa certa para o imperialismo.

A ONU, A IMPUNIDADE E A GUERRA

A Resolução 1929 do Conselho de Segurança das Nações Unidas de 9 de Junho de 2010 selou o destino do imperialismo.

Não sei quantos terão se apercebido de que entre outras coisas absurdas, o Secretário Geral dessa instituição, Ban Ki-moon, cumprindo ordens superiores, incorreu no disparate de nomear Álvaro Uribe - quando este estava quase concluindo seu mandato - Vice-presidente da comissão encarregada de investigar o ataque israelita à pequena flotilha humanitária, que transportava alimentos essenciais para a população sitiada na faixa de Gaza. O ataque ocorreu em águas internacionais a uma distância considerável da costa.

Essa decisão outorgava a Uribe, acusado por crimes de guerra, total impunidade. Como se um país cheio de valas comuns com cadáveres de pessoas assassinadas - algumas até com duas mil vítimas -; sete bases militares ianques; mais o resto das bases militares colombianas ao seu serviço, não tivesse nada a ver com o terrorismo e o genocídio.

Por outro lado, em 10 de junho de 2010, o jornalista cubano Randy Alonso, que dirige o programa "Mesa Redonda" da televisão nacional, escreveu no sítio Web CubaDebate um artigo intitulado: "O chamado Governo Mundial se reuniu em Barcelona", onde aponta:

"Chegaram até o confortável hotel Dolce em carros de luxo de vidros escuros e em helicópteros".

"Eram os mais de 100 chefões da economia, das finanças, da política e da mídia da América do Norte e da Europa, que vieram até este lugar para a reunião anual do Clube de Bilderberg, uma espécie de governo mundial à sombra".

Outros articulistas honestos estavam acompanhando, da mesma forma que ele, as notícias que conseguiram filtrar do estranho encontro. Alguém muito mais informado do que eles estava seguindo a pista desses eventos havia muitos anos.

"O exclusivo Clube, que se reuniu em Sitges, nasceu em 1954. Surgiu da ideia do conselheiro e analista político Joseph Retinger. Seus impulsionadores iniciais foram o magnata norte-americano David Rockfeller, o Príncipe Bernardo de Holanda e o Primeiro Ministro belga, Paul Van Zeeland. Seus propósitos fundacionais eram combater o crescente "anti-norte-americanismo" que existia na Europa da época e encarar a União Soviética e o comunismo que ganhava força no Velho Continente".

"Sua primeira reunião foi realizada no Hotel Bilderberg, em Osterbeck, Holanda, entre 29 e 30 de maio de 1954. Daí saiu o nome do grupo, que desde então se reúne anualmente, salvo em 1976".

"Há um núcleo de afiliados permanentes que são os 39 membros do Steering Comittee, o resto são convidados".

"[...] a organização exige que ninguém "conceda entrevistas", nem revele nada do que "um participante individual tenha dito". É requisito imprescindível um domínio excelente da língua inglesa [...] não há tradutores presentes".

"Não se sabe ao certo os alcances reais do grupo. Os estudiosos do ente dizem que não é por acaso que se reúnam sempre pouco antes do G-8 (G-7 anteriormente) e que procuram uma nova ordem mundial de governo, exército, economia e ideologia única".

"David Rockfeller disse em uma reportagem à revista "Newsweek": "Algo deve substituir os governos e o poder privado, parece-me a entidade adequada para fazê-lo".

“[...] o banqueiro James P. Warburg afirmou: "Goste ou não, teremos um governo mundial. A única questão é se será por concessão ou por imposição."

“[...] Eles sabiam 10 meses antes, a data exata da invasão ao Iraque; também o que ia acontecer com a bolha imobiliária. Com informações como essa se pode fazer muito dinheiro em todo tipo de mercados. E é que falamos de clubes de poder e de saber".

"Para os estudiosos, um dos temas que mais preocupa o Clube é a "ameaça econômica" que significa a China e a sua repercussão nas sociedades norte-americana e européias".

"Alguns demonstram a sua influência na elite com o fato de que Margaret Thatcher, Bill Clinton, Anthony Blair e Barack Obama estiveram entre os convidados do Clube antes que fossem eleitos a mais alta responsabilidade governamental na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Obama participou na reunião de junho de 2008, cinco meses antes da sua vitória eleitoral e o seu triunfo se prognosticava já desde a reunião de 2007".

"Entre tanto sigilo, a imprensa foi colhendo nomes aqui e ali. Entre os que chegaram ao Sitges estavam importantes empresários como os presidentes da FIAT, Coca-Cola, France Telecom, Telefônica da Espanha, Suez, Siemens, Shell, Novartis e Airbus.

"Também se reuniram gurus das finanças e da economia, como o famoso especulador George Soros; os assessores econômicos de Obama, Paul Volcker e Larry Summers; o flamante Secretário do Tesouro Britânico, George Osborne; o ex-presidente do Goldman Sachs e British Petroleum, Peter Shilton [...]; o Presidente do Banco Mundial, Robert Zoellic; o Diretor Geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn; o Diretor da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy; o Presidente do Banco Central Europeu, Jean Claude Trichet; o Presidente do Banco Europeu de Investimentos, Philippe Maystad".

Sabiam disso nossos leitores? Algum órgão importante da imprensa falada ou escrita disse alguma palavra? É essa a liberdade de imprensa que tanto pregam no ocidente? Pode algum deles negar que estas reuniões sistemáticas dos mais poderosos financistas do mundo são realizadas todos os anos, com a exceção do ano mencionado?

"O poder militar enviou alguns dos seus falcões - continua Randy -: o ex-secretário de Defesa de Bush, Donald Rumsfeld; seu subalterno, Paul Wolfowitz; o Secretário Geral da OTAN, Anders Fogh Rasmussen; e seu antecessor no cargo, Jaap de Hoop Scheffer".

"O magnata da era digital, Bill Gates, foi o único participante que falou alguma coisa à imprensa antes do encontro. 'Sou um dos que estará presente', disse e anunciou que 'Sobre a mesa haverá muitos debates financeiros'".

"Os especuladores da notícia falam que o poder na sombra analisou o futuro do Euro e as estratégias para salvá-lo; a situação da economia européia e o rumo da crise. Sob a religião do mercado e o auxílio dos drásticos cortes sociais se deseja continuar prolongando a vida do doente".

"O Coordenador da Esquerda Unida, Cayo Lara, definiu com clareza o mundo que nos impõem os Bilderberg: 'Estamos no mundo ao contrário; as democracias controladas, tuteladas e pressionadas pelas ditaduras dos poderes financeiros'".

"O mais perigoso, que foi publicado no jornal espanhol Público, é o consenso majoritário dos membros do Clube a favor de um ataque norte-americano ao Irã [...]. Lembre-se que os membros do Clube sabiam da data exata da invasão de 2003 ao Iraque dez meses antes que acontecesse."

É por acaso uma invenção caprichosa a ideia, quando isto se soma a todas as evidências expostas nas últimas Reflexões? A guerra contra o Irã está já decidida nos altos círculos do império, e apenas um esforço extraordinário da opinião mundial poderia impedir que estoure num prazo de tempo muito breve. Quem oculta a verdade? Quem é que engana? Quem é que mente? Alguma coisa do que aqui é afirmado pode ser desmentido?

Fidel Castro Ruz

15 de agosto de 2010

Fonte: http://convencao2009.blogspot.com/2010/08/guerra-contra-o-ira-e-coisa-certa-para.html

Iraque 2011, Afeganistão 2014, Irã ?

03/08/2010

De forma realista e pragmática, uma operação militar no Irã, ou mesmo bombardeios aéreos a instalações nucleares que seriam identificadas como riscos, é inviável no atual quadro regional, uma vez que colocaria em xeque as retiradas no Iraque e no Afeganistão e sinalizaria novos engajamentos em um momento no qual a opinião pública dos EUA se mostra contrária a operações externas. Dentro da lógica ofensiva de certos setores, e da perspectiva indicada por Emmanuel Todd de “teatralização” dos conflitos e da necessidade de “bater no fraco por não poder enfrentar o forte”, é preciso avaliar que nem sempre as motivações que impelem os norte-americanos à guerra são aquelas que se encontram mais visíveis. O artigo é de Cristina Soreanu Pecequilo.

Cristina Soreanu Pecequilo (*)


Tal momento é simbolizado pela proximidade das eleições legislativas de meio de mandato de novembro de 2010, para a qual as pesquisas de opinião indicam perda da maioria democrata em pelo menos uma das casas do Legislativo (ou nas duas inclusive), pela desaceleração da economia dos EUA e de uma intensa batalha no campo da legislação para a imigração. A catastrófe ambiental da British Petroleum e o que alguns definiram como fraqueza do governo em lidar com o caso, associado ao vazamento de informações sobre a Guerra do Afeganistão no site Wikileaks, igualmente compõem este quadro.

Depois de algumas importantes vitórias como a aprovação da reforma do sistema de saúde e de bem estar, o avanço da reforma financeira e o lançamento da nova Grande Estratégia de Segurança Nacional, Obama encontra-se na defensiva pressionado não só pelos republicanos, mas pelas forças democratas, dentro e fora do gabinete.

A “confirmação” da retirada das tropas no Iraque representa uma tentativa de recuperar o poder de iniciativa de Washington, e recolocar o debate em termos mais favoráveis. Neste quadro, ainda se insere a prometida ofensiva na Guerra do Afeganistão, visando minar as forças da Al-Qaeda, estando subjacente a este esforço intensivo dos EUA e de seus aliados da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma projeção adicional de desengajamento militar, com início previsto para 2011 e término em 2014.

Mais do que motivadas por questões estratégicas, as retiradas com data programada respondem a necessidades políticas norte-americanas e, no caso do Afeganistão, às demandas dos aliados, que gradualmente já vem diminuindo sua participação na guerra (pressões internas, custos excessivos, desgaste eleitoral). No caso dos EUA, os processos de “Iraquização” e “Afeganização”, que correspondem na retórica à transferência de responsabilidades de defesa às tropas locais, remontam à experiência da “Vietnamização” da década de 1970, e da saída honrosa, sem derrota, de um cenário de instabilidade que permanece em aberto.

Paradoxalmente, porém, os ecos do Vietnã e de uma possível síndrome do Iraque ou do Afeganistão, e o questionamento dos porquês destas operações (em sua origem desenvolvimento e possível fim próximo) restringem-se aos setores mais críticos nos EUA, o que se repete pelo sistema internacional.

É questionável que estes cronogramas correspondam ao “sucesso” militar das operações no que se refere ao combate a focos de terrorismo, disseminação da democracia e consolidação de um cenário estável no Iraque e Afeganistão (ou especificamente no Iraque, o encerramento de um conflito “errado”). Estes rearranjos estratégicos de tropas norte-americanas, transitando do Oriente Médio à Eurásia respondem a um esgotamento duplo, político e militar, revelado na superextensão.

Ao mesmo tempo, não se pode desconsiderar que o rearranjo esteja relacionado a um reposicionamento de presença, vide as declarações do Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas dos EUA, Mike Mullen, de que existe uma opção militar de intervenção no Irã caso o país prossiga com seu programa nuclear. As declarações de Mullen foram realizadas menos de uma semana depois da Casa Branca ter anunciado que estaria disposta a retomar negociações com Teerã sobre a questão da proliferação, retomando o acordo tripartite conduzido por Brasil, Turquia e Irã.

Este acordo tem sido objeto de inúmeras idas e vindas na Casa Branca: inicialmente os esforços de Brasil e Turquia foram bem recebidos e incentivados por serem considerados essenciais para destravar o processo diplomático, concluído o acordo, contudo, o texto foi rejeitado pelos EUA que investiram em sanções unilaterais e via Conselho de Segurança das Nações Unidas, as quais se agregaram sanções da UE e, nas últimas semanas, sinalizações positivas ressurgiram no campo diplomático, as quais se seguiram às declarações de Mullen. As hipóteses de guerra no Irã são recorrentes em Obama tanto quanto foram em W. Bush, mesmo que sob um referencial diferente, proliferação nuclear e guerra contra o terror respectivamente, uma vez que respondem a pressões de grupos de interesse e à visão militarista e messiânica compartilhada por falcões republicanos e democratas.

A consequência destas oscilações de posições é o reforço preventivo da postura do Irã, respondendo ao seu estrangulamento na região, e o favorecimento de suas correntes radicais (em detrimento das forças reformistas que haviam alcançado grande relevância nos anos 1990 com Khatami e sua proposta do Diálogo das Civilizações).

No cenário asiático, a despeito da diferença de tratamento e postura dos EUA diante da Coréia do Norte e seu programa de proliferação (vide as Conversações das Seis Partes que agregam EUA, Rússia, China, Japão, Coréia do Norte e Coréia do Sul em esforços multilaterais), resultado similar se observa, de maior fechamento do regime norte-coreano.
De forma realista e pragmática, uma operação militar no Irã, ou mesmo bombardeios aéreos a instalações nucleares que seriam identificadas como riscos, é inviável no atual quadro regional, uma vez que colocaria em xeque as retiradas no Iraque e no Afeganistão e sinalizaria novos engajamentos em um momento no qual a opinião pública dos EUA se mostra contrária a operações externas. Dentro da lógica ofensiva de certos setores, e da perspectiva indicada por Emmanuel Todd de “teatralização” dos conflitos e da necessidade de “bater no fraco por não poder enfrentar o forte” (Depois do Império, 2003), é preciso avaliar que nem sempre as motivações que impelem os norte-americanos à guerra são aquelas que se encontram mais visíveis.

Temas contundentes do Oriente Médio pelos quais passam o futuro deste cenário como a retomada do processo de paz Israel-Palestina surgem em segundo plano, invertendo a equação dos anos 1970 quando se avaliava que a estabilidade da região iniciava-se pela reinserção equilibrada de todos os Estados e povos pela acomodação, respeito e coexistência (e da qual resultaram acordos como Israel-Egito em Camp David e os Tratados de Oslo na década de 1990). Permanece um contexto de crises, no qual o desengajamento militar norte-americano de 2011, 2014 ou, eventualmente, um novo cronograma para novos conflitos, demonstra a volatilidade estratégica regional, e o vácuo diplomático e político de soluções mais duradouras, sujeitas às mudanças de compromisso e das prioridades dos atores envolvidos.

(*) Doutora em Ciência Política e Professora de Relações Internacionais

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16844

Noticias da Guerra - 18/10/2007

O tom de voz vai subindo entre o governo de Washington e o de Moscou. O tema é o Irã, mas por trás disto transparece que a ação da OTAN continua sendo a de cercar a Rússia, e a desta a de se defender a qualquer preço. Bem vindos sejamos nós a esta nova versão da Guerra Fria.

Flávio Aguiar


Decididamente a Guerra Fria está de volta, ainda que numa versão diferente da dos tempos da extinta União Soviética, come menos ideologia e mais pragmatismo, e com novos alinhamentos.
Em junho deste ano o primeiro ministro russo Vladimir Putin manifestou seu descontentamento diante da iniciativa de Washington oferecendo novas bases militares para a Polônia e a República Tcheca. Ambas as ofertas foram recebidas com entusiasmo, mas não por Moscou.
Bush declarou em Rostok que as bases tinham por objetivo cercar o Irã. Mas nas proximidades de uma coisa e da outra estão as fronteiras da Rússia e também a de algumas antigas repúblicas da finada União Soviética.

Putin ofereceu a Bush a alternativa de usar bases da Rússia, herdadas dos tempos socialistas, para criar frentes militares comuns dos EUA e da Rússia para vigiar o Irã. A proposta era o que parecia: uma alternativa para ganhar tempo, pois nada mais inverossímil do que bases comuns para os antigos inimigos na Guerra Fria.

Agora o tom subiu. Diante do reconhecimento rotundo do fracasso, ou pelo menos impasse, das intervenções do Ocidente no Afeganistão e no Iraque, e diante do também fracasso do governo norte-americano em isola-lo, o primeiro ministro iraniano Mahmoud Amadinejad sentiu-se forte o suficiente para desafiar o desafeto em sua própria casa e nos arredores: foi aos Estados Unidos e até a Bolívia, onde desenvolveu propostas de acordo em torno de questões energéticas.

Tinha razão: num salto estratégico, Putin fortaleceu-o . Visitou o Irã na segunda e na terça-feira, comprometeu-se com a construção de uma usina nuclear para o Irã no Golfo Pérsico, e declarou que a Rússia se opõe a uma intervenção militar na região, leia-se, uma invasão do Irã pelos Estados Unidos e/ou aliados. Mais: acaudilhou, nesta declaração, o Cazaquistão, o Azerbaijão (cortejado pelo OTAN para construção de bases militares) e o Turcomenistão, dando mostras para Washington de que ainda é o “capo” na região.

A resposta veio rápida: Bush deu entrevista dizendo que se o Irã conseguir armas nucleares, isso pode levar à Terceira Guerra Mundial, porque, entre outras coisas, o governo de Teerã prega a destruição do Estado de Israel. E ainda manifestou a vontade de que Putin lhe relatasse o que, afinal, aconteceu em Teerã.

Enquanto isso, em Moscou, numa espécie de “talk show” ao telefone, onde podia responder perguntas diretas pelo telefone, Putin retrucava que a Rússia retomaria a pesquisa de novas armas nucleares. Ele não especificou o que isso significava, mas aventou para a possibilidade de que elas seriam de efeitos espetaculares.

Outros fatores complicam a situação:

1. Caiu como uma bomba na Europa e nos Estados Unidos a resolução do Parlamento turco autorizando o governo de Ankara a fazer incursões armadas em território iraquiano contra os curdos. O motivo alegado é a morte de duas dezenas de soldados turcos em atentados atribuídos ao Partido dos Trabalhadores Curdos, movimento que teria base em território do norte do Iraque. A resolução é também, não há dúvida, uma resposta à decisão do Senado norte-americano classificando como genocídio o massacre de armênios em 1915, ainda durante o Império Otomano, em território turco.

2. Al Gore. O premio Nobel da paz concedido a Al Gore é uma desmoralização internacional para o governo Bush, que chegou ao poder através de uma eleição de lisura contestada graças a manipulação de votos na Flórida, estado então governado pelo irmão do presidente. O fator Al Gore desestabiliza a eleição norte-americana, mas não se sabe ainda como nem para que lado. Não se sabe se fortalece Gore contra Hillary Clinton, se fortalece os democratas como um todo, se isola Obama, etc. Porque ninguém sabe ainda o que fará Al Gore depois do prêmio. Mas uma coisa é certa: esse premio empurra mais ainda a faca no pescoço do governo Bush, já internacionalmente desmoralizado, embora ainda tenha a faca, o queijo, o prato, a toalha e a mesa a seu dispor, graças ao poderio militar de que desfruta.

De todo modo, prezada leitora, prezado leitor, se está na casa dos sessenta, como eu, bem vindo de volta à Guerra Fria, agora sob nova administração. Caso seja jovem, bem vindo ao passado: ele voltou.

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14682

Intercambia Fidel con científicos cubanos sobre el peligro nuclear

Miércoles, 25 de Agosto de 2010

El Comandante en Jefe analizó temas como Hiroshima y Nagasaki, las bombas de uranio, plutonio e hidrógeno, la capacidad nuclear militar de las grandes potencias, el área de radioactividad que puede provocar el estallido de una bomba nuclear de acuerdo a su potencia, el hundimiento del submarino nuclear ruso en el 2000 y el llamado “invierno nuclear”, entre otros temas.

Juventud Rebelde.- Enfrascado en su batalla incesante por informar al mundo sobre el peligro de una guerra nuclear y lograr persuadir al Presidente Obama de que no apriete el gatillo, el Comandante en Jefe Fidel Castro Ruz sostuvo este lunes un encuentro con científicos cubanos para hablar sobre las armas nucleares y el peligro de una conflagración nuclear. Durante dos horas, el líder de la Revolución intercambió criterios y realizó numerosas preguntas al Dr. Tomás Gutiérrez Pérez, Director General del Instituto de Meteorología, el Ing. José Fidel Santana Núñez, Presidente de la Agencia de Energía Nuclear y Tecnologías de Avanzada del CITMA, el coronel José Luis Navarro Marrero, jefe de la Secretaría de Ciencia y Tecnología de las Fuerzas Armadas Revolucionarias, y el Dr. Fidel Castro Díaz-Balart, Asesor Científico del Consejo de Estado.

Hiroshima y Nagasaki, las bombas de uranio, plutonio e hidrógeno, la capacidad nuclear militar de las grandes potencias, el área de radioactividad que puede provocar el estallido de una bomba nuclear de acuerdo a su potencia, el hundimiento del submarino nuclear ruso en el 2000, el llamado “invierno nuclear” y otros interesantes temas fueron analizados en el encuentro.

Fidel evocó los días de la Crisis de Octubre, el proceso que llevó al acuerdo de emplazar los cohetes soviéticos en Cuba, el peligro que acechó a nuestro país y al mundo, los errores de Jruschov y Kennedy. “El mismo Kennedy estaba horrorizado de cuán cerca estuvo la guerra”, señaló.

“A nosotros no nos interesaba tener cohetes aquí, ni tener una base. Nos interesaba más la imagen del país. Una base soviética desvalorizaba la imagen de la Revolución, su capacidad de influir en nuestra región. ¿Por qué lo aceptamos?...Para nosotros era muy duro. Pero era una cuestión de internacionalismo”. Y recordó la reunión con la dirección revolucionaria donde planteó que “si estábamos esperando que el campo socialista se sacrificara y luchara por nosotros, debíamos estar dispuestos a sacrificarnos por ellos”.

El recuerdo histórico le sirvió para analizar los peligros del presente, con casi 25 000 artefactos nucleares: “¿No les parece cosa de locos?-preguntó a los científicos. “En este pequeño planeta basta con 100 bombas para provocar un invierno nuclear. Eso no es de gente cuerda”
Más adelante remarcó: “Pareciera que esta va a ser la primera guerra del mundo; y la historia humana no conoce otra cosa que la guerra. Desde que el hombre tuvo un garrote se dedicó a hacer la guerra. Todos esos razonamientos están equivocados, y por eso me estoy esforzando por tratar de persuadir sobre el peligro. ¿Quién sabía hasta hace poco del peligro de guerra? ¿Quién habló de eso? ¿Quién controla todos esos medios de comunicación en el mundo?”

“Aquí todo va a depender de un hombre; no porque sea poderoso, sino porque es el único que tiene la facultad de apretar el gatillo. Si no lo aprieta se lo va a agradecer todo el mundo, se lo van a agradecer hasta los millonarios; se lo va agradecer hasta Israel”-concluyó el Comandante en Jefe sus valoraciones, con el convencimiento de que los científicos también pueden ayudar mucho en esta batalla de concientización sobre los graves riesgos para la humanidad.

Fonte: http://www.cubainformacion.tv/index.php?option=com_content&view=article&id=16590:intercambia-fidel-con-cientificos-cubanos-sobre-el-peligro-nuclear&catid=64:&Itemid=65

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O Burguês.


“(…) O ‘burguês’, como um estado sempre presente da vida humana, não é outra coisa senão a tentativa de uma transigência, a tentativa de um equilibrado meio-termo entre os inumeráveis extremos e pares de opostos da conduta humana. Tomemos, por exemplo, qualquer dessas dualidades, como o santo e o libertino, e nossa comparação se esclarecerá em seguida. O homem tem a possibilidade de entregar-se por completo ao espiritual, à tentativa de aproximar-se de Deus, ao ideal de santidade. Também tem, por outro lado, a possibilidade de entregar-se inteiramente à vida dos instintos, aos anseios da carne, e dirigir seus esforços no sentido de satisfazer seus prazeres momentâneos. Um dos caminhos conduz à santidade, ao martírio do espírito, à entrega a Deus. O outro caminho conduz à libertinagem, ao martírio da carne, à entrega, à corrupção. O burguês tentará caminhar entre ambos, no meio do caminho.

Nunca se entregará nem se abandonará à embriaguez ou ao ascetismo; nunca será mártir nem consentirá em sua destruição, mas, ao contrário, seu ideal não é a entrega, mas a conservação de seu eu, seu esforço não significa nem santidade nem libertinagem, o absoluto lhe é insuportável, quer certamente servir a Deus, mas também entregar-se ao êxtase, quer ser virtuoso, mas quer igualmente passar bem e viver comodamente sobre a terra.

Em resumo, tenta plantar-se em meio aos dois extremos, numa zona temperada e vantajosa, sem grandes tempestades ou borrascas, e o consegue ainda que à custa daquela intensidade de vida e de sentimentos que uma existência extremada e sem reservas permite. Viver intensamente só se consegue à custa do eu. Mas o burguês não aprecia nada tanto quanto o seu eu (um eu na verdade rudimentarmente desenvolvido). À custa da intensidade consegue, pois, a subsistência e a segurança; em lugar da posse de Deus cultiva a tranqüilidade da consciência; em lugar dos ardores mortais, uma temperatura agradável.

O burguês é, pois, segundo sua natureza, uma criatura de impulsos vitais muito débeis e angustiosos, temerosa de qualquer entrega de si mesma, fácil de governar. Por isso colocou em lugar do poder a maioria, em lugar da autoridade a lei, em lugar da responsabilidade as eleições.

E compreensível que esta débil e angustiada criatura, embora existindo em número tão grande, não consiga manter-se, que, de acordo com suas particularidades, não possa representar outro papel no mundo senão o de rebanho de cordeiro entre lobos erradios.

Contudo, vemos que, em tempos de governos fortes, os burgueses se vêem oprimidos contra a parede, mas nunca sucumbem; na verdade às vezes parecem mesmo dominar o mundo. Como será possível? Nem o numeroso rebanho, nem a virtude, nem o senso comum, nem a organização serão suficientes para salvá-lo da destruição. Não há remédio no mundo que possa sustentar uma intensidade tão débil em sua origem. E, todavia, a burguesia vive, é forte e próspera. Porquê?
A resposta é a seguinte: Por causa dos lobos da estepe (…)”.

(Hermen Hesse, “O Lobo da Estepe”.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

CHOMSKY E AS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA

P.S.: Trata-se de um artigo que eu tirei do site do PCB cuja o link está disponibilizado no final deste post. Achei importante colocar a aqui a título de informação geral:


"O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:

1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.

2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.

Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? “Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.

6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.

Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…

9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos."

FONTE: http://pcb.org.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=1847:chomsky-e-as-10-estrategias-de-manipulacao-midiatica&catid=43:imperialismo