segunda-feira, 7 de julho de 2008

Em primeiro lugar

Aviso: É a ultima vez que tento manter um blog. Se desta vez não der certo, desisto . Entretanto, como a incoerencia quase que me descreve, pode ser que amanhã eu mude de idéia. De todo modo, acho bom uma introdução, afinal qualquer criação que se preze tem uma introdução. Fato é que este é meu tercerio blog em vida, e espero, o ultimo. E em todos eles sempre dei ênfase, mesmo que em reflexões ou citações, à má xima “metade de mim é amor e, a outra metade, também” de Oswaldo Montenegro. Então acho justo, pelo menos uma vez na vida, que eu mostre a origem desta citação e, consequentemente, salientar o porquê da minha atração por ela.
É bem verdade que Oswaldo Montenegro é mestre em compor musiquetas estranhas e, por vezes, barangas, apesar de engraçadas. Mas também é verdade que é mestre no quesito musical e entende de seu oficio como ninguém. Mas digo que, a academia brasileira de letras, ao invéz de ocupar-se em dar méritos a seres mediocres como Paulo Coelho, deveria atentar para poesias tão belas quanto “Metade” de Oswaldo Montenegro que, sendo música, não deixa de ser poesia:

Metade

Oswaldo Montenegro

E que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio.
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca

Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante

Porque metade de mim é partida
E a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos

Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada

Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância

Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais

Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer

Porque metade de mim é a platéia
A outra metade é a canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.


Essa música, assim como tantas outras, fala de mim com muita propriedade. E, pra ser exata, nada do que não seja música é capaz de me descrever. Porque a música é livre, e tem o poder de trazer à luz o que não se pode ver aos olhos nus por meio de palavras tortas e trocadilhos bem feitos. Mesmo que sem letra, música é sempre libertária, tanto no âmbito do íntimo e privado, quanto no âmbito público. Música, sendo arte, é também política. E aqueles que dizem o contrário, nada sabem de arte ou de política (abro uma brecha pra explicar aqui que não tenho a menor intenção de ser imparcial já que concebo que nada no mundo é imparcial).
Considerando que música é uma arma terapêutica, poética, política, sociológica, econômica e, por tudo isso, com capacidade libertária, que coloquei como título deste blog o título de uma música. Uma música tropicalista, movimento do qual me identifico com totalidade de minha alma e de meu entendimento. E neste mesmo sentido, coloco na minha descrição uma música que diz da forma mais simples e sofisticada a imagem que meu espelho mostra de mim, ou aquela que eu simplesmente sou capaz de sentir. E é neste espírito libertário que darei encaminhamentos nos textos e artigos deste espaço.
Não tenho aqui a intenção de ser agradável aos olhos de ninguém a não ser aos meus. Não tenho aqui pretensão de ser aplaudida em tudo o que for publicado e nem iludirei, a quem se propor leitor, que todas as minhas concepções expostas aqui serão sofisticadas, modernas e revolucionárias. Aviso que sou guardiã tanto de idéias revolucionárias como de idéias conservadoras. Aviso que trago comigo uma formação acadêmica à luz da História e marxista. Aviso também que guardo comigo, além disso, concepções cristãs e religiosas. Saliento aqui, porém, que história e marxismo se relacionam mas não são a mesma coisa. Bem como religiosidade e cristianismo podem ser coisas distintas. E, não obstante, ainda prevendo prováveis questionamentos desprovidos de estudos prévios, encurtarei o caminho da pesquisa e digo que marxismo e cristianismo não se anulam. E mesmo que eu possa parecer incoerente e arrogante (o que não nego), usarei da minha liberdade de sê-lo.
Dito isto, presumo ter ficado claro que não sou de todo subversiva e nem de todo conservadora. Remeto-me, entretanto, à música novamente, que é uma das minhas mais lindas e preferidas verdades, para dizer que ao ter a responsabilidade de apresentar minhas ideologias e concepções, pratico um ato libertário. E ao propor falar daquilo que realmente acredito, falo a verdade. ‘E a verdade é a mais revolucionária das armas’.

...enquanto as pessoas da sala de jantar, são preocupadas em nascer, e morrer...

5 comentários:

:: DuasCaras :: disse...

Mas é claro que vc vai manter este blog... sua louca! Se esqueceu que blogávamos juntas há 5 anos atrás, e QUE quase montamos um blog nosso?? Claro que não, claro que a PÊXA não se lembra... não se lembrava nem de mim =P
Então vamos voltar aos velhos tempos de revolta?
Apesar que meu blog está light, mas entre pra visitá-lo e comente tbém, ok?

http://barkatthemoonie.blogspot.com

BJO da Dangerous!! =P

Richard disse...

Êee... a Joyce é tão melancólica colérica que adora focar nas músicas do Oswaldo... mas tudo bem, eu a perdôo.
Faz o favor de manter o blog e avisar das atualizações, hunf! =D

Mostre ao mundo suas táticas de conquista ao mundo! =P

Theo Valadares disse...

Entre todas as minhas inconstâncias e projetos abortados, meu blog permanece por 5 anos. Ao revisá-lo, sinto vergonha de alguns posts e orgulhos de outros. Tudo o que escrevo é retrato de experiências que me fazem ser o que sou hoje. Repare que em seu primeiro blog, você tinha um tom bem diferente desse. E o interessante de blogs é isso, se tornarem instrumentos que medem o crescente, o decrescente e a inércia da evolução pessoal de quem escreve. Feliz são os blogueiros, pois as pessoas da sala de jantar estão preocupadas apenas em nascer e morrer... Theo!

Fênix in Onix disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fênix in Onix disse...

terceiro blog...
realmente temos mais coisas parecidas do que vc possa imaginar...
se vc é metade vou dizer algumas coisas sobre gnt como vc e eu, com sua licença seu Gullar:
E que a minha loucura seja perdoada.
Pq minha metade de mim é constância a outra Garófalo...
Por hj é só.
Boa noite!