quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Liberdade

Estou com sono, mas com angústias que não me deixam dormir tranquilamente. Eu fico pensando porque eu vivo a procurar a liberdade e não a encontro. E no mundo sempre tem um grupo social, um produto pra consumo, um programa de TV, uma ilusão qualquer, ou uma instituição qualquer que te dizem que lá você será livre e todos os seus problemas serão resolvidos. É possível que você se sinta livre no começo, mas uma hora você verá que só trocou de jaula. É duro admitir, mas qualquer coisa que envolva seres humanos, nunca, absolutamente nunca, será livre para aquele que procura a verdadeira liberdade. Mesmo que eu não saiba ao certo a dimensão na verdadeira liberdade. Eu só sei que a verdadeira liberdade não é a casa da mãe-joana, claro. Não é uma anarquia completa. Mas também sei, não pela razão, mas pelo coração, que a liberdade não trás angústias, e isso já é uma boa pista.


Quero encontrar a liberdade sem cair em armadilhas da próxima vez, e me refiro à armadilhas dos homens, seres imperfeitos e difíceis de tolerar. Estou presa à várias coisas: presa ao que as pessoas querem de mim, presa ao que eu quero das pessoas, presa ao desejo de agradar a todos e agradar a mim também, presa às lembranças do que passou e que eu desejo, por vezes, tão intensamente, que voltem a existir no presente; presa ao estranho amor que ainda sinto por aqueles que não merecem e nem mais fazem parte de mim, mas que por vezes eu desejo, tão estranhamente, que voltem fazer. Estou presa à saudade do que já vivi, e estou presa, tão profundamente, à saudade do que ainda está por vir. Como eu desejo o que ainda vai chegar, como!


É a estranha ilusão de que, quando chegar ao que está por chegar, chagarei enfim a ser feliz de verdade, a viver de verdade, a resolver todos os meus problemas de verdade. É como se o agora fosse apenas um treino da grande estréia e, enquanto ela não chega, e quanto mais ela demora a vir, mais a minha mente procura as coisas boas do passado para se apoiar e, patologicamente, transforma o que era ruim em lembrança boa, numa estranha estratégia de auto-defesa em me manter viva sem entrar em colapso existencial. Na verdade eu desejaria que me deixassem desejar em paz. Ou o meu passado ou o meu futuro. Essa é a maneira que eu aprendi de viver sem maiores desastres. E venho aprimorando tal técnica cada dia que passa e, conseqüentemente, me protegendo mais e mais.


O desejo do que virá, no fim das contas, é a felicidade, em si. Acho um direito razoável que me compete e acho covardia tentar barrá-lo, sobretudo porque a origem da covardia é perceptível: por não ter coragem de arriscar pelo seu desejo de toda vida, ou por mera hipocrisia quando o outro tenta lhe fazer desistir da tua ousadia para ter mais um companheiro na vidinha medíocre e pequeno-burguesa do senso comum. Mas a questão é simples, não quero mais uma ilusão de liberdade, eu a quero de fato. E tão pouco abro mão de ser alguém pensante. É a velha história de não querer ser encaixotado...


"Sábado, Maio 14, 2005
Para os encaixotados e encaixotadores Meu professor de música um dia já me disse sobre as pessoas ocuparem boa parte do tempo de suas vidas tentando colocar você em uma caixinha. O tamanho da caixinha, a cor, a textura, o enfeite, a estampa, o diâmetro e o lacinho final é escolhido por um só critério: o que mais combina com as necessidades daquele que pretende te encaixotar. É muito simples: Pretendem te encaixotar para melhor satisfazer seus desejos e se você tem a petulância de não se deixar encaixotar, ah, nossa, você está sendo egoísta! E você não pode imaginar o quanto está ferindo o pobre encaixotador, que, no ápice de seu egocentrismo, só queria você moldadinho pra ele. (...) " Trecho de um texto publicado em um antigo blog meu, cuja o link não irei desponibilizar por pura sacanagem.

Um comentário:

:: DuasCaras :: disse...

Partes em que me identifico totalmente:
"E no mundo sempre tem um grupo social, um produto pra consumo, um programa de TV, uma ilusão qualquer, ou uma instituição qualquer que te dizem que lá você será livre e todos os seus problemas serão resolvidos. É possível que você se sinta livre no começo, mas uma hora você verá que só trocou de jaula."

"Estou presa à várias coisas: presa ao que as pessoas querem de mim, presa ao que eu quero das pessoas, presa ao desejo de agradar a todos e agradar a mim também, presa às lembranças do que passou e que eu desejo, por vezes, tão intensamente, que voltem a existir no presente; presa ao estranho amor que ainda sinto por aqueles que não merecem e nem mais fazem parte de mim, mas que por vezes eu desejo, tão estranhamente, que voltem fazer."

E sobre não publicar o antigo endereço do blog, ehehehe, sacanagem mesmo, Joy =P

Apareça hj! Bjos!